O poeta e a cultura
Poema: VIVA OS NOSSOS ENFERMEIROS!
No meio dessa pandemia
Existem nobres guerreiros
Sustentam a medicina
Como fortes brasileiros
Fazem tudo que se manda
Com cartaz e propaganda
Viva os nossos enfermeiros!
Mesmo não ganhando muito
Eles são linha de frente
Bota a vida em perigo
Pra salvar vida da gente
Nos leitos hospitaleiros
São heróis os enfermeiros
Que faz tudo pelo doente!
Por Ednaldo Luiz
As brincadeiras de Galinhas de Pereiro no Seridó é o tema da Coluna “O poeta e a cultura” para hoje
NOTADAMENTE naqueles tempos foragidos das inspeções legais, havia além da inocência sertaneja a discriminação dos urbanistas citadinos de chamar todo caboco da roça de matuto burro e ignorante. Mas se esses medíocres tivessem pelo menos um bucadim de tempo disponível para observar as nossas riquezas de costumes e tradições não iriam zombar que nem lacaios pasmos das profundezas do inferno. Viriam por um tiquim de pesquisas que nosso povo é de uma inteligência tão fossilizada que nem por tantas gerações há de se ter um povo desses. E viriam que de coisas simples se faziam alegrias tão imensas que não se calculavam o prazer de vivê-las e produzi-las. (FOTOS DE EDNALDO LUÍZ).
Ocorre que mesmo em instância de famigerada necessidade o seridoense em si era um povo muito criatório, cujos animais domésticos se estendiam desde poicos, perus e guinés, até patos, bois, entre tantos. A pecuária era chamada de criação. E as aves se multiplicavam em diversidades, entre tais as galinhas que além de darem seus ovos fortes e de fibras, forneciam á culinária seridoense as gostosuras de suas carnes caipiras.
Dessa forma, por haver tantos criadouros de galinhas nos rincões sertanejos, como também galinhas de todas as cores, a criançada vivendo esse momento deveras tenha despertado o gosto caipira por zelar de galinhas a tal ponto que se reproduzia isso nas brincadeiras de outrora. Bruguelos e bruguelas queriam serem donos ou donas de galinheiros de mentirinha. Para tanto despertaram eles a diversão de olhar pausadamente, como de costume se fazia, à natureza e dela tirar o sustentáculo da infância orgânica, pura e sadia.
Assim, observavam os frutos não comestíveis da planta catingueirenta conhecida como PEREIRO. O pereiro dava em tempos bons de molhado um fruto (ver foto de Ednaldo Luíz) que mais parecia uma borboleta com as asas abertas, mas que a molequeira enxergava como se fosse uma galinha de asas abertas. E como tal passaram a ganhar os matos de Caatinga a procura desses frutos. E quando alguém lhes perguntava “aonde vais, menino sambudo?”, ouvia-se logo a resposta curta e grosseira “vou pegar galinhas de pereiro!”. Também os moleques percebiam que ás vezes as galinhas gostavam de fazer poleiro em pés de pereiro, daí juntaram o útil ao agradável e denominaram o fruto do pereiro de GALINHAS DE PEREIRO.
E aí pousavam a brincar em demasia. Faziam eles um chiqueiro de palitos de picolés, de gravetos ou de outra planta qualquer e colocavam as galinhas de pereiro dentro do cercado. Uns bruguelos mais agalinhados ainda tinham a tenência de imaginar uma galinha chóca e colocavam pedrinhas pequenininhas debaixo das aves para dizer que elas tinham punhado. Era a imaginação frutífera das crianças de outrora.
Uns ainda mais agalinhados cacarejavam como galinhas histéricas para embichar mais o negócio. E ficavam horas a fio e num tinha tempo ruim não. Claro que o tempo dos tempos idos não passava nem querendo correndo como os tempos de hoje. Mas era divertido brincar de galinhas de pereiro. E ainda havia por excelência o sacrifício de uma galinha de pereiro para matar a fome fictícia de seus donos encafifados. Era então uma galinhagem medonha nos moldes da imaginação. Cocoricó!!!
AUTOR E FOTOS: EDNALDO LUÍZ DOS SANTOS.
Coluna “O Poeta e a Cultura” traz para você uma poesia em homenagem ao Dia das Mães
POESIA: MINHA MÃE
POETA: EDNALDO LUÍZ DOS SANTOS.
PARABÉNS NOBRE MAMÃE
POR SEU DIA EXALTADO
QUE VOCÊ SEJA FELIZ
TODO DIA CONSAGRADO
ESTEJA SEMPRE COMIGO
E ACEITE O VERSO AMIGO
DO POETA EDNALDO.
TEU CARINHO ME ACALENTA
TEU ABRAÇO ME FORTALECE
TEU CONSELHO ME REGULA
TEU OLHAR ME ENALTECE
TUA VIDA ME EMBASA
TUA ESSÊNCIA NUMA CASA
TODO FILHO RECONHECE.
É VOCÊ A MÃE DA GENTE
É VOCÊ DOCE CANDURA
É VOCÊ A FLOR DA VIDA
É VOCÊ GRANDE BRAVURA
É VOCÊ TODO SUSTENTO
É VOCÊ ENSINAMENTO
É VOCÊ DEUSA TÃO PURA.
As topadas no pé no Seridó antigo é o tema da Coluna “O poeta e a cultura” de hoje
ERA de se ver e de se sentir nas pipinadas do cérebro os horrores das dores que o povo daqueles tempos sentia sem pestanejar. Devido ao fato de que a pobreza pouco se afoitava sem posses de assubir num jegue de plantão e nem tão mesmo na besta-fera de rodas que começava a perambular pelas veredas sertanejas daqueles tempos idos.
Eram dores que chega latejavam nos miolos da chapuleta e deixava tão irado o sujeito ou a sujeita que podia-se ouvir sem maiores delongas uns chamados de nomes feios como, sendo os mais triviais. A dor era tanta que se o zombador zombasse por um tiquim de nada podia sofrer a perfuração de uma peixeira de tantas polegadas entrando no bucho e rasgando a carne do fi-duma-égua que mangasse do acontecido.
Dizia-se lá pelos Canudos que o sertanejo era antes de tudo um forte, o que dado ao acontecido fazia valer o ditado, mas engana-se que ainda nos zói do caboco sentidor num lacrimejava uma gota dos agrúrios do juízo. Mas era um choro mais para lascar a bexiga taboca do que para frescar choriscos de curumim.
Tais dores sentidas eram lavadas ora por um calo que se formava ora por uns arrancamentos de couro que avoava em derredor e sangrava pelo impacto de uma chamada TOPADA. A topada era uma ação involuntária que provocava uma reação voluntária do ser não vivo contra um vivo. Era a ação do ser imóvel na inveja contrária ao ser móvel. Mas que nunca levava-se em conta que o culpado ou a culpada sempre era um arremedo de gente.
Acontecia, pois que dado caboco ou caboca quando saía para zamzar pelas veredas do sertão eram rotineiramente levados ao confronto dos pedregulhos que se espichavam no camim e ficavam a tal ponto que parecia que armavam uma tocaia para pegar o mardito ou a mardita. A chuva, os animais, as carruagens e os comboios sempre eram os autores desses tipos de crimes contra a boa fé do povo seridoense. De modo que deixavam as veredas nordestinas sempre inóspitas ao tráfego do sertanejo, principalmente o seridoense.
E era tão inóspita que fazia a cabocada calçar botas e ficar de butuca ligada para não cair nas armadilhas do camim e sofrer com dor e tudo uma topada cruel. Por isso era mais fácil andar nos lombos de jegues, burros ou cavalos, do que nos solados das apragatas dos pés. Mas quando não se podia andar escanchado num animá era trivial que se calçasse uma chinela de couro curtido pra evitar as espinhadas e as tão danadas topadas do Seridó.
E me parece que as topadas do Seridó doíam mais do que as topadas de outros cantos, pois o pedregulhoso chão facilitava a ocorrência desse ato involuntário. E parece que quem sofria mais com as topadas eram os pobres. Por isso que o ditado logo emergiu como lei: o pobre só vai pra frente com uma topada ou um empurrão.
AUTOR: EDNALDO LUIZ DOS SANTOS
As brincadeiras de Galinhas de Pereiro no Seridó é o tema da Coluna “O poeta e a cultura” para hoje
NOTADAMENTE naqueles tempos foragidos das inspeções legais, havia além da inocência sertaneja a discriminação dos urbanistas citadinos de chamar todo caboco da roça de matuto burro e ignorante. Mas se esses medíocres tivessem pelo menos um bucadim de tempo disponível para observar as nossas riquezas de costumes e tradições não iriam zombar que nem lacaios pasmos das profundezas do inferno. Viriam por um tiquim de pesquisas que nosso povo é de uma inteligência tão fossilizada que nem por tantas gerações há de se ter um povo desses. E viriam que de coisas simples se faziam alegrias tão imensas que não se calculavam o prazer de vivê-las e produzi-las. (FOTOS DE EDNALDO LUÍZ).
Ocorre que mesmo em instância de famigerada necessidade o seridoense em si era um povo muito criatório, cujos animais domésticos se estendiam desde poicos, perus e guinés, até patos, bois, entre tantos. A pecuária era chamada de criação. E as aves se multiplicavam em diversidades, entre tais as galinhas que além de darem seus ovos fortes e de fibras, forneciam á culinária seridoense as gostosuras de suas carnes caipiras.
Dessa forma, por haver tantos criadouros de galinhas nos rincões sertanejos, como também galinhas de todas as cores, a criançada vivendo esse momento deveras tenha despertado o gosto caipira por zelar de galinhas a tal ponto que se reproduzia isso nas brincadeiras de outrora. Bruguelos e bruguelas queriam serem donos ou donas de galinheiros de mentirinha. Para tanto despertaram eles a diversão de olhar pausadamente, como de costume se fazia, à natureza e dela tirar o sustentáculo da infância orgânica, pura e sadia.
Assim, observavam os frutos não comestíveis da planta catingueirenta conhecida como PEREIRO. O pereiro dava em tempos bons de molhado um fruto (ver foto de Ednaldo Luíz) que mais parecia uma borboleta com as asas abertas, mas que a molequeira enxergava como se fosse uma galinha de asas abertas. E como tal passaram a ganhar os matos de Caatinga a procura desses frutos. E quando alguém lhes perguntava “aonde vais, menino sambudo?”, ouvia-se logo a resposta curta e grosseira “vou pegar galinhas de pereiro!”. Também os moleques percebiam que ás vezes as galinhas gostavam de fazer poleiro em pés de pereiro, daí juntaram o útil ao agradável e denominaram o fruto do pereiro de GALINHAS DE PEREIRO.
E aí pousavam a brincar em demasia. Faziam eles um chiqueiro de palitos de picolés, de gravetos ou de outra planta qualquer e colocavam as galinhas de pereiro dentro do cercado. Uns bruguelos mais agalinhados ainda tinham a tenência de imaginar uma galinha chóca e colocavam pedrinhas pequenininhas debaixo das aves para dizer que elas tinham punhado. Era a imaginação frutífera das crianças de outrora.
Uns ainda mais agalinhados cacarejavam como galinhas histéricas para embichar mais o negócio. E ficavam horas a fio e num tinha tempo ruim não. Claro que o tempo dos tempos idos não passava nem querendo correndo como os tempos de hoje. Mas era divertido brincar de galinhas de pereiro. E ainda havia por excelência o sacrifício de uma galinha de pereiro para matar a fome fictícia de seus donos encafifados. Era então uma galinhagem medonha nos moldes da imaginação. Cocoricó!!!
AUTOR E FOTOS: EDNALDO LUÍZ DOS SANTOS.
As brincadeiras de Burrinha de Padre no Seridó é o tema de hoje da Coluna “O Poeta e a Cultura”
DIZEM que a tradicional “burrinha-de-padre” emergiu quando uma mulher nas antigas, quando não havia energia elétrica nas ruelas caicoenses, pois o Seridó antigamente era chamado de Caicó, teve de uma donzela se enrabichar por um padreco de meia tigela que era mais preocupado em fornicar as virgens de Cristo do que celibatá-las a tal ponto que o mesmo não pudesse apagar o fogo das vergonhas que as donzelas enclausuradas pelo machismo de proteção viviam. Tal donzela com um fogo na periquita ia por assim dizer na calada da noite, quando as luzes do gerador decaiam e a cambada de fuxiqueiros deixavam as prosas das calçadas e adentravam no recinto para se atracar com as companhias ou pitar o tabaco de rolo. Saía sorrateira. E pra assombrar algum mexeriqueiro morador a mesma se vestia com calça, sapatos, capa preta e ainda cobria o rosto. Também pegava um chocalho e correntes e saía arrastando o meio da rua. Ia ela se atracar com o pastor do rebanho. Ela até que dava medo, mas depois que descobriram as “semvergonhezas” do padreco e da donzela já não metia medo e o povo começou a apelidar a donzela de besta- fera do padre, ou burrinha que o padre se escanchava nela em cavalgadas, uma burrinha- de- padre.
Foi assim que homens ávidos de brincar o carnaval no “mei” da rua fizeram chacotas com essa história e colocaram a criação da burrinha do padre no cenário momesco. A burrinha era para assombrar mesmo as pessoas de todas as idades, já que havia um ritual de não se revelar a fantasia e muito menos os atores desta.
A burrinha de padre característica do sertão seridoense era feita baseada na figura de dois personagens da cultura brasileira: o bumba-meu-boi e a mula-sem-cabeça. Só que para ficar mais regional a pessoa tinha que aparecer, sendo que ficou metade burrinha e metade humana, assim quase parecida com o Centauro da mitologia grega.
A burrinha era um artefato do carnaval de rua caicoense. Ela era feita com borracha, madeira, cordão, chocalho e tecido. A meninada às vezes usava até arame farpado e cacetete. A molecada da época produzia suas próprias burrinhas pelo fato de verem alguém fazer ou por verem tantas e tantas nos blocos que desfilavam no “mei” da rua.
Consistia assim: primeiro se fazia a cabeça da burrinha usando tábua alcateque ou pedaço de cepo de linha de casa. Com uma faca ou serrote desenhava-se a cabeça de um cavalo ou boi, colocava-lhe orelhas de borrachas, olhos de bila e às vezes cabrestos. Botava-lhe um chocalho para ficar badalando no “mei” da rua.
Pregado na cabeça vinha a feitura da cintura que era um círculo de borracha, mangueira de água ou ferro. O círculo era pregado na cabeça e fortalecido com pedaços de madeira pregados como se fossem uma bacia. Depois pegava um tecido florido ou de cor e fazia a saia da burrinha, de forma que escondessem as pernas da pessoa que ia colocar a burrinha.
O rabo da burrinha era de arame farpado ou de cavalo mesmo, onde se aparava pêlos de cavalo e fazia o rabo. Mas era mais fácil o arame farpado e mais protetor de caso algum sujeito ruim querer rodar a burrinha. Rodar era por assim dizer puxar no rabo e tentar fazer “valeu o boi”, derrubando o caba no chão. Com o arame o medonho iria se cortar todinho.
Depois de feita a burrinha podia pintar ela e colocar as cias que serão passadas no pescoço para dar mais segurança no artefato. Daí usava uma máscara para esconder o rosto do burreiro e assim iam as burrinhas de padre assombrando as ruelas do Seridó.
Ao passar um bloco de burrinha numa rua a alegria era insultar as burrinhas para vê-las correndo atrás do insultador. Os insultos eram frases que denegriam a imagem horripilante do ser estranho, mas tudo fazendo parte da cultura local. As pequenas frases eram “Eu só digo se é burrinha se me der uma carreirinha!” ou “burrinha de padre, ladrona!” ou “burrinha sua fulera!”. Assim as burrinhas picavam à mula atrás do insultador e se pegasse dava-lhe uma burrinhada, que consistia numa cabeçada com força da burrinha nos espinhaço do sujeito. Tinha uns até que se cagavam todim e outros se mijavam. Era um medo misturado com alegria… e assim ia a tradição de fazer burrinha de padre no Seridó e brincar depois.
Burrinha era mais coisa de menino, mas as meninas gostavam de acompanhar o bloco na intenção de saber quem se escondiam por trás daqueles artefatos momescos. Era, pois uma alegria tamanha. Era tanta que até as burrinhadas nas costelas quase não doíam. Era assim que a gente brincava de burrinha de padre!!!
Por Ednado Luiz
Coluna ” O poeta e a cultura” escrita por Ednaldo Luiz estreia hoje em nosso Caderno de Notícias
A partir de hoje (12), todo sábado o nosso blog traz para você leitor, você leitora, a Coluna ” O poeta e a cultura” escrita por Ednaldo Luiz com temas diversos, em especial textos relacionados a cultura do nosso Seridó, principalmente com histórias e/ou estórias de antigamente, quando nós ou nossos familiares eram crianças, viviam suas juventudes. Teremos também temas atuais, do nosso cotidiano. Esperamos que vocês gostem, deixem seus comentários e sugestões.