Varizes: saiba o que causa e como tratar
As varizes são uma condição comum que afeta muitas pessoas no Brasil e também no mundo todo e, além disso, pode afetar principalmente as mulheres. [Ler mais…]
As varizes são uma condição comum que afeta muitas pessoas no Brasil e também no mundo todo e, além disso, pode afetar principalmente as mulheres. [Ler mais…]
Simone Norat Campos – Dentista Casa Durval Paiva – CRO/RN 1784
O laser de baixa potência é uma luz terapêutica, que previne e trata os efeitos colaterais advindos da quimioterapia e/ou radioterapia de cabeça e pescoço. Ele possui várias propriedades terapêuticas, como analgesia (analgésico), modulação da inflamação, reparação tecidual e antiedematoso (combate o edema).
Ele tem várias indicações na oncologia, tais como mucosite, xerostomia e neurotoxicidade, causados pelo efeito direto do quimioterápico sobre os tecidos bucais, como também, nas infecções virais (herpes), oportunistas e bacterianas. A laserterapia é indolor, segura, bem aceita pelos pacientes e não apresenta efeitos colaterais, quando realizado corretamente pelo dentista.
As lesões na cavidade oral são as mais frequentes complicações da quimioterapia, pela alta sensibilidade das estruturas orais, aos efeitos citotóxicos. Estudos apontam que crianças são mais propensas às complicações orais, em relação aos adultos.
A mucosite oral (inflamação da mucosa) é o efeito colateral mais comum do tratamento do câncer, podendo variar de 30% a 70%, dependendo do tipo de tratamento, e para mais de 90%, quando em crianças abaixo de doze anos. Isto explica o elevado índice mitótico (reprodução das células). A mucosite oral interfere muito na qualidade de vida do paciente, causando dor intensa ao mastigar, aumento das infecções sistêmicas, odinofagia (dor ao deglutir), dor na garganta, algumas vezes, causando interrupção do tratamento, fazendo com que o paciente necessite de nutrição enteral e parenteral, chegando a passar maior tempo internado.
A terapia com o laser de baixa potência vem sendo uma alternativa, para prevenção e tratamento da mucosite oral, obtendo respostas positivas funcionais e clínicas. Em alguns casos, elimina a dor já na primeira aplicação. Acredita-se que esse fato se deve a liberação da b-endorfina (hormônio produzido pela glândula hipófise) nas terminações nervosas das úlceras, ao mesmo tempo em que promove a bioestimulação dos tecidos, fazendo com que a mucosite oral cicatrize em um tempo mais rápido.
Na Casa Durval Paiva, as crianças e adolescentes são beneficiados com o tratamento do laser, tanto profilático, como terapêutico. Esse atendimento é realizado nas crianças internadas, que irão se submeter à quimioterapia e transplante de medula óssea. Tão logo os pacientes comecem a quimioterapia, em conjunto com a equipe médica, a cirurgiã-dentista estará planejando o tratamento dentário, examinando a cavidade oral e suas possíveis afecções e condições de higiene oral, aplicando o laser preventivamente, durante todo o processo quimioterápico e radioterápico de cabeça e pescoço. Como resultado, os pacientes não apresentam mucosites graus 3 e 4.
Contudo, existem drogas muito citotóxicas, que, mesmo com a aplicação do laser preventivo, causam mucosite, sendo que em grau menor, nesses casos, assim que aparecem, o laser terapêutico é aplicado até a sua completa cicatrização.
A atuação do cirurgião dentista nas equipes interdisciplinares é imprescindível, para diagnosticar, prevenir e tratar as manifestações orais, advindas da quimioterapia e a aplicação do laser, visando a redução da severidade, bem como, o aumento do tempo de cicatrização da mucosite oral, promovendo assim, uma melhor qualidade de vida ao paciente.
O apoio ao acompanhante do paciente oncológico
Adelaide Alaís Alves
Psicóloga – CRP 17/4085
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2020), o câncer infantojuvenil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. No Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. Hoje, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado.
Quando uma criança ou adolescente recebe o diagnóstico de câncer, o choque e sofrimento não serão apenas do paciente, mas também da família. Frente a isso, tornando-se importante que o apoio e o suporte se estendam para aqueles que estarão envolvidos.
As mudanças sociais, econômicas, emocionais e de estilo de vida começam a surgir. É preciso adequar-se às novas rotinas no hospital e na Casa de Apoio, ficar longe de casa, dos outros filhos e familiares e ainda deixar o emprego e tornar-se cuidador em tempo integral.
O cuidador é uma das peças fundamentais no tratamento, em especial no câncer infantojuvenil, onde, na maioria dos casos, ele será o maestro dessa nova fase na vida do paciente. Dessa forma, os prejuízos emocionais, sociais e físicos vão surgir, fazendo com que esse cuidador precise receber o devido suporte psicossocial para o enfrentamento do câncer.
Para que esse cuidador possa dar o suporte ao paciente, ele precisa ter um suporte. Esse cuidado é necessário em várias frentes, sendo duas dessas quanto a informação adequada: o que fazer, como fazer e quanto ao suporte psicossocial.
Percebendo a importância desse cuidado para quem cuida, a Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, conta com um grupo psicossocial para acompanhantes denominado “Mãos Dadas”, com encontros semanais, ministrado pela psicóloga e a assistente social da Casa. A cada mês, é trabalhado uma temática, levando em consideração as demandas latentes, principais temas investigados e observados nos encontros.
O principal objetivo do grupo é disponibilizar um espaço de acolhimento, troca de experiência onde surgem identificação e apoio para que esses acompanhantes tenham vez e voz. No grupo, eles poderão trazer seus anseios, dúvidas, medos e ainda receberão o acolhimento que precisam. É importante trazer o conforto, apoio e a informação durante todas as fases do tratamento, tendo em vista que quem cuida precisa ser cuidado, até mesmo para auxiliar melhor o outro.
Pesquisa desenvolvida amplia a possibilidade de terapia direcional no tratamento do câncer usando quinoxalinas e nanopartículas de ouro.
Por: José de Paiva Rebouças – Ascom/ICe-UFRN
Apesar do avanço da ciência, o câncer ainda é uma das doenças mais temidas da humanidade. A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS), estimou 18 milhões de novos casos no ano passado, com crescimento de 28% nos últimos seis anos. Isso significa que um em cada cinco homens e uma em cada seis mulheres no mundo desenvolverá câncer durante a sua vida. Por se tratar de uma doença de múltiplos fatores causada pelo acúmulo de mutações genéticas que levam à proliferação anormal de tecidos, é difícil traçar um único caminho para o tratamento do câncer. Contudo, novo estudo publicado no New Journal of Chemistry por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) abre caminhos para a realização de tratamentos mais efetivos usando o direcionamento de nanopartículas.
A decodificação da seqüência do genoma humano possibilitou à Ciência localizar os genes mais freqüentemente mutados diretamente correlacionados às proteínas superexpressas no crescimento de tumores cancerosos. Isso foi fundamental no avanço e aparecimento de novas pesquisas e tratamentos contra a doença. Uma delas é a terapia direcionada que permite atacar somente as células cancerosas, ao contrário da quimioterapia que também afeta as células normais e provoca muitos efeitos negativos à saúde dos pacientes. Acontece que este tratamento é ainda muito complexo e caro, o que dificulta sua popularização.
No novo estudo, os cientistas modificaram, de forma simplificada, nanopartículas de ouro através da inserção, em sua superfície, de quinoxalinas sintetizadas. Além disso, usando simulação molecular (in silico), observaram que esta mutação permite atacar, com grande eficiência, células cancerosas por meio da terapia dirigida. Menores que 100 nanômetros, as nanopartículas de ouro são produzidas, como o próprio nome sugere, a partir do ouro. Elas são tão pequenas que podem, por exemplo, transportar medicamentos para o interior das células sem perfurar as membranas celulares. Também podem ser carreadas para partes específicas do corpo humano em intervalos controlados.
Já as quinoxalinas são agentes antitumorais e anticancerígenos capazes de inibirem enzimas envolvidas na proliferação, motilidade e diferenciação do câncer. Devido a sua vasta gama de aplicações que inclui luminescência e biomedicina, são identificadas algumas vezes como “moléculas reconhecedoras de tumores”. Com o título “Funcionalização de nanopartículas de ouro com dois derivados de quinoxalina à base de aminoálcool para direcionamento de fosfoinositídeos 3-quinases (PI3Kα)”, a pesquisa foi desenvolvida na UFRN e envolveu os institutos de Química (IQ-UFRN) e do Cérebro (ICe-UFRN), em parceria com os laboratórios de Bioinorgânica e Cristalografia, do departamento de Química da UFSC, e de Microscopia Aplicada à Ciência da Vida, do Inmetro. Ao todo, dez pesquisadores trabalharam no estudo: Janine Araújo, Fabrício Menezes, Heloiza Silva, Davi Vieira, Sérgio Ruschi Silva, Adailton Bortoluzzi, Celso Sant’Anna, Mateus Eugenio, Jannyely Neri e Luiz Gasparotto, coordenador do estudo.
Autodestruição celular
Segundo o professor Luiz Gasparotto, as nanopartículas de ouro se aquecem quando submetidas à luz de determinados comprimentos de onda, o que pode instigar o suicídio celular a partir do calor. “A ideia central é concentrarmos nanopartículas de ouro na região do tumor, de modo que a aplicação de luz aqueça a região tumoral, levando apenas células doentes ao suicídio”, explica.
A grande questão é que as nanopartículas de ouro não sabem que devem colar apenas em células tumorais. É neste ponto que entram as quinoxalinas. Estudos computacionais mostraram que duas quinoxalinas têm excelente afinidade por determinadas células tumorais e, por isso, “grudam” muito bem em determinados tipos de cânceres. “Os cálculos teóricos indicam uma forte tendência de interação dessas quinoxalinas com o sítio ativo da enzima-alvo, com os aminoácidos que apresentam as interações mais fortes sendo iguais aos de outros ligantes já reportados na literatura”, contextualiza Sérgio Ruschi, do Laboratório de Neurobiologia Celular e Molecular, do ICe-UFRN.
Sabendo disso, os pesquisadores inseriram quinoxalinas na superfície das nanopartículas para que estas fossem direcionadas a reconhecer os tumores. Um ponto importante neste trabalho é o fato de as quinoxalinas serem produzidas em laboratório de maneira muito simples e barata, o que facilita sua produção em larga escala. A metodologia tipicamente utilizada é a inserção de anticorpos na superfície das nanopartículas, mas este é um processo complexo, caro e muito sensível. “A grande contribuição deste trabalho é em termos de simplicidade e custo. Mostramos que há um caminho interessante na produção de compostos antitumorais. O fato de não usarmos anticorpos é um excelente atalho para uma futura produção em larga escala”, diz Luiz Gasparotto.
Novas abordagens
O próximo passo da pesquisa será a aplicação das nanopartículas em células tumorais in vitro e in vivo, utilizando camundongos como modelo animal. Outros desdobramentos são estudos computacionais de novos candidatos a reconhecimento tumoral baseados em quinoxalinas. Há ainda interesse do grupo na produção de outras partículas, como, por exemplo, as de prata, para baratear ainda mais o custo de produção.
Fotos: Cícero Oliveira