Nova legislação cria políticas mais rígidas para combater as agressões e evidencia o trabalho da comunidade escolar no dia a dia dos estudantes
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), 40% dos estudantes adolescentes no Brasil admitiram ter sido vítimas de bullying na escola. O dado expõe a necessidade da atenção dos professores, pais ou responsáveis em relação a casos de intimidação ou cyberbullying durante o retorno às aulas para ajudar a criar um ambiente escolar seguro e inclusivo.
Em janeiro, o governo federal sancionou a Lei 14.811/2024, que estabelece a Política Nacional de Prevenção e Combate ao Abuso e Exploração Sexual da Criança e do Adolescente, incluindo os delitos de bullying e cyberbullying no Código Penal. Isso amplia as penalidades para crimes cometidos contra o público infantojuvenil.
A legislação define bullying como “intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação. A classificação também inclui ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e apelidos pejorativos, entre outros”. A pena para o bullying é uma multa.
Quanto ao cyberbullying, se essa conduta ocorrer em plataformas de redes sociais, computadores, aplicativos ou jogos online, a pena é de reclusão de 2 a 4 anos, além de multa, a menos que a conduta constitua um crime mais grave.
De acordo com Francisco Gomes Junior, sócio da OGF Advogados e especialista em direito digital, a lei é bem-vinda, pois estamos vivenciando um período de crescimento exponencial do cyberbullying, tendo em vista que a utilização de redes sociais e outros meios digitais é iniciada frequentemente na adolescência, e às vezes até na infância, quando a vítima ainda não possui plenas condições de se defender. “Com a transformação da conduta em crime e as condenações que seguirão, tem-se ao menos um fator inibidor da prática e a sanção específica para o crime”, diz.
Diante dessa nova lei, as instituições de ensino podem desenvolver um código de conduta, orientando toda a comunidade escolar sobre as responsabilidades individuais e coletivas para prevenir e denunciar tais práticas, como é o caso das aulas de cultura geral oferecidas pelas unidades do Colégio Adventista, na região do ABCDM de São Paulo.
As aulas adotam uma abordagem proativa e promovem a compreensão e a prevenção desses desafios sociais entre os alunos. “Semanalmente, especialistas da área jurídica são convidados a ministrar palestras e conversar com os estudantes para aprofundar a compreensão sobre esses temas sensíveis. O compromisso é estendido a todos os alunos da unidade, ajustando a abordagem conforme a faixa etária e garantindo uma educação que se adapta às necessidades específicas de cada grupo”, explica Marizane Piergentile, diretora de educação das unidades do ABCDM. “Acreditamos que, junto à lei federal, essa iniciativa não apenas educa os alunos, mas também cria uma consciência que promove o respeito, a empatia e a responsabilidade digital no dia a dia fora da escola”, complementa a diretora.
Rebecca Correia Psicóloga pós-graduada em cuidados paliativos larga profissão para vender conteúdo na Privacy e fatura 23 mil reais
“A Privacy para mim significa uma porta de liberdade”, afirmou Maia Muller
Maia Muller, 33 anos, é natural de Santo André. Psicóloga com pós-graduação em cuidados paliativos, Maia trabalhou por anos em um hospital local antes de um sequestro abalar sua trajetória. O trauma a fez se afastar de sua profissão e explorar outros caminhos. Maia já tinha uma paixão pelo mundo da fotografia e do posar, uma jornada iniciada durante sua faculdade e persistida ao longo dos anos, mesmo enfrentando julgamentos e comentários de colegas de trabalho ao ser destaque na Revista Sexy.
O universo de criação de conteúdo para Maia começou com posar nua por hobby, época em que o Suicide Girl estava em alta. A descoberta pela fotografia e pela expressão corporal continuou, mesmo diante dos desafios enfrentados em sua carreira de psicóloga. A Privacy entrou em sua vida durante o concurso Musa do Brasileirão, tornando-se uma plataforma vital para sua expressão e autoestima.
Com a Privacy, Maia alcançou não apenas independência financeira – “Eu já faturei com a Privacy mais de 23 mil reais” – mas também uma forma de autoexpressão e superação. “A minha grande conquista é viver bem, hoje vivo com meus luxos e caprichos”, declara.
“A Privacy para mim significa uma porta de liberdade”, diz Maia, que enfrentou bullying e autoestima baixa devido à artrite reumatoide, uma doença crônica que carrega desde a infância. A plataforma ajudou Maia a se reconciliar com seu corpo e superar antigos medos e inseguranças. “A fotografia junto da Privacy me ajudou a superar isso”, afirma.
Apesar de sua batalha contra depressão, ansiedade e Transtorno de Personalidade Borderline, Maia encontra motivação na estabilidade financeira e na arte da fotografia. “Eu amo fotografar e isso me traz uma liberdade muito grande”, expressa Maia, destacando a importância da arte em sua vida. Nos momentos de lazer, sua alegria é cuidar de seus 16 animais de estimação, demonstrando sua dedicação e amor pelos animais.
Maia Muller é um exemplo vivo de resiliência e superação. Entre desafios pessoais e profissionais, ela encontrou na criação de conteúdo um caminho para a autoaceitação, liberdade e bem-estar, provando que, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, é possível encontrar uma via para a expressão pessoal e felicidade.
Sobre a Privacy
A Privacy é uma plataforma brasileira de monetização de conteúdo online que atua como uma rede social por assinatura, para criadores venderem materiais exclusivos. Atualmente a empresa é a mais utilizada na América Latina, principalmente por brasileiros, pela facilidade de pagamento, incluindo o PIX.
Pesquisa mostra que 77% das crianças com autismo relatam ter sofrido bullying no ambiente escolar
Imagem: Unsplash
Crianças e adolescentes no espectro do autismo são algumas das principais vítimas do bullying, violência que pode vir tanto de forma física quanto psicológica (através de palavras de ameaça e provocações). Segundo Bruna Manzolli, terapeuta parceira da Genial Care, “isso é recorrente porque pessoas no espectro, ou neurodivergentes, apresentam comportamentos atípicos, ou seja, atitudes que não são esperadas de acordo com a sociedade típica, e por isso são julgadas”.
Infelizmente, o bullying ainda é um comportamento agressivo que se faz presente, principalmente, no ambiente escolar, ou até mesmo em pequenos grupos de amigos e atividades extracurriculares. Dados do IBGE mostram que mais de 40% dos estudantes adolescentes admitiram já ter sofrido com a prática de “bullying”, de provocação e de intimidação. Além disso, uma pesquisa canadense indicou que 77% das crianças com autismo relataram ter sofrido bullying no ambiente escolar.
A Lei nº 13.185, em vigor desde 2016, classifica o bullying como intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação. A classificação também inclui ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e apelidos pejorativos, entre outros.
O bullying pode causar danos graves à saúde emocional e mental, resultando em baixa autoestima, ansiedade, depressão, transtornos alimentares, insônia, entre outros problemas. “Infelizmente, muitas pessoas ainda têm preconceito em relação ao autismo. Isso porque muitas vezes não compreendem ou não tem conhecimento acerca do TEA, e caem em pré-conceitos que estão enraizados há anos. Crianças e adolescentes diagnosticadas com transtornos do neurodesenvolvimento, como o autismo, vivenciam vários tipos de desafios na escola. Isso pode ser devido à dificuldade da comunicação e também ao relacionamento com outras crianças”, ressalta Bruna Manzolli.
Segundo a especialista, crianças e adolescentes com outros tipos de transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Síndrome de Tourette e Deficiência Intelectual, também estão mais propensas a serem vítimas do bullying; em comparativo com pessoas não neurodiversas.
É comum que algumas pessoas fiquem com medo de denunciar que estão sofrendo bullying, ou que não consigam se comunicar a respeito da agressão que estão recebendo. Por este motivo, é muito importante observar possíveis sinais.
Sinais de que uma pessoa autista é vítima do bullying
Alguns sinais de que alguém pode estar sofrendo bullying incluem:
Mudanças no comportamento ou humor: por exemplo, quando de repente a pessoa que tende a entrar e sair da escola de forma tranquila começa a demonstrar aversão pelo ambiente, com choros e comportamentos não esperados para seu perfil, mudança na socialização com pessoas que se sente confortável, começa a ter comportamentos evitativos, de fuga e se isola ou fica quieta, além do esperado. isso pode ser um sinal de que algo está errado. Também podem ocorrer mudanças de humor, como irritabilidade, tristeza ou ansiedade;
Queda no desempenho escolar: o desempenho escolar cair repentinamente pode ser um sinal de que está sofrendo bullying, pois sente muita distração ou incapacidade de se concentrar;
Lesões físicas inexplicáveis: se alguém apresentar ferimentos inexplicáveis, como hematomas, arranhões ou cortes, isso pode ser um sinal de que ele está sendo agredido;
Perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas: se alguém de repente perder o interesse em atividades que antes adorava, pode ser um sinal de que ele está se sentindo desmotivado ou triste;
Alterações no padrão de sono ou alimentação: quando surgem problemas de sono ou apetite, isso reflete diretamente em comportamentos de ansiedade e depressão, resultado de traumas gerados pelo bullying.
“É importante dizer que esses sinais não garantem necessariamente que a criança ou adolescente com autismo esteja sofrendo bullying, mas podem indicar que algo não está certo. Se os cuidadores suspeitarem de algo, é possível buscar abertura para uma conversa e oferecer apoio. Porém, para algumas pessoas com autismo que possuem dificuldades de socialização, nem sempre é possível avançar para esse lado e outras estratégias precisam ser implementadas”, pontua Bruna Manzolli.
Como ajudar pessoas autistas vítimas de bullying?
Com o bullying geralmente acontece no ambiente escolar, é preciso cobrar um posicionamento da própria unidade de ensino. Se mesmo com conversas e denúncias a escola não está tomando medidas adequadas para proteger a criança e o adolescente, você pode seguir os seguintes passos:
Peça à escola que apresente um plano de ação, com etapas específicas e detalhadas das decisões que a escola irá tomar para resolver o problema e proteger a criança e o adolescente;
Mantenha registros detalhados de todos os incidentes de bullying que você souber, incluindo a data, hora e local. Compartilhe essas informações com a escola para que eles possam entender a extensão do problema;
Seja persistente: se você sentir que a escola não está levando o problema a sério, continue a contatar a escola para que haja uma resolução. E-mails ou chamadas telefônicas regulares são importantes para acompanhar o progresso e verificar se o plano de ação está sendo implementado;
Se a escola não tomar medidas adequadas para resolver o problema, é possível buscar ajuda externa, como um conselheiro escolar, um advogado ou uma organização que lida com questões de bullying.
Sobre a Genial Care – maior healthtech da América Latina especializada no cuidado e desenvolvimento de crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e orientação de seus cuidadores, unindo tecnologia e embasamento científico, por meio de plataforma própria e tratamento transdisciplinar. Além disso, possui um modelo próprio de capacitação do time terapêutico, a Genial Care Academy, para garantir o rigor clínico e qualidade no tratamento de cada família. Atualmente, conta com mais de 150 colaboradores dispostos a transformar a vida das famílias que convivem com autismo no Brasil, para que toda criança atinja seu máximo potencial. Já são três Casas Geniais em São Paulo, nos bairros Alto de Pinheiros, Paraíso e Morumbi, além dos 12 endereços que a Genial Care atende em consultórios Livance. E, nos próximos meses, serão abertas mais três unidades na capital paulista, nos bairros Santana, Tatuapé e Alphaville. Até final do ano, a expectativa é que sejam 12 Casas Geniais.
Psicóloga explica o que os responsáveis devem fazer quando a criança passa a ser vítima de agressão no âmbito escolar
Seja em escola pública ou particular e até mesmo na universidade, o bullying ainda é muito presente, o que afeta a vida de vários jovens e adolescentes. Porém, quem é vítima deste tipo de agressão, nem sempre demonstra sinais e isso faz com que o sofrimento do filho passe despercebido aos olhos dos pais ou responsáveis.
Segundo a professora do curso de Psicologia do Centro Universitário da Serra Gaúcha – FSG, Fernanda Prux Susin, a criança pode ficar em silêncio em temer vingança por parte de quem realiza o bullying, já que elas pensam que o agressor pode fazer algo ainda pior, além do receio de causar preocupação ou decepção aos pais e responsáveis. “O silêncio também pode ocorrer por vergonha, pois a vítima acaba se sentido envergonhada pela situação que está passando, e por este motivo fica em silêncio. Elas também acreditam que ninguém vai conseguir prestar um auxílio”, explica.
Para Fernanda, o bullying se caracteriza por uma prática sistemática e repetitiva de agressão física ou psicológica por parte de um indivíduo, ou grupo, em direção a uma determinada vítima. “Vale ressaltar que para ser considerado bullying, a agressão deve ser recorrente, e geralmente ocorre com mais frequência no ambiente escolar, lembrando que a violência pode se manifestar em forma de agressão física ou verbal, como intimidação, humilhação ou xingamentos”, esclarece.
Para saber se a criança está sofrendo bullying, é importante entender que cada um pode apresentar sinais peculiares, por exemplo: um filho que sempre gostou de ir para a escola, passa a não querer mais comparecer. “É necessário ficar atento a sinais como: desinteresse pela escola, tristeza e choro sem um motivo aparente, baixa autoestima, irritabilidade, agressividade, queixas de dores de cabeça ou outras dores, queda do desempenho escolar, entre outros. Podemos falar de sinais que podem ser mais visíveis como o material escolar e uniforme danificado, além de marcas de agressões no corpo”, salienta.
“Crianças vítimas de bullying podem desenvolver sequelas na vida adulta, visto que qualquer tipo de violência deixa marcas. Baixa autoestima, insegurança, dúvida quanto a suas capacidades, dificuldade nas relações interpessoais e afetivas, agressividade, entre outros, são apenas alguns problemas que a criança pode levar para o resto da vida se não receber ajuda”.
Fernanda explica que é importante os pais conversarem com o filho, mantendo sempre o diálogo aberto, além de perguntar também sobre o que ocorre na escola. “Procure ter contato com a comunidade escolar, professores, grupo de pais e até mesmo colegas do filho”, orienta.
No caso do agressor, a professora do curso de Psicologia da FSG salienta que ambientes familiares hostis, agressivos e com falta de diálogo, podem favorecer para que o filho pratique bullying, porém não se pode afirmar que esta é a única causa para a prática da violência. “Geralmente na prática do bullying existe um líder ou agressor dominante, e outros colegas acabam integrando esse grupo, muitas vezes, em busca de pertencimento, mas não possuem um histórico de agressão ou mesmo lares hostis”, reforça.
Além do bullying, existe também o cyberbullying, que é um tipo de violência que ocorre mesmo que as crianças e adolescentes não estejam na escola, sendo assim, a agressão acaba se perpetuando nos horários em que as vítimas não estão no ambiente escolar.
Por fim, Fernanda reforça que conversar com a criança ou adolescente, procurando acolher e entender o que está acontecendo, sem julgamentos ou punições, é o melhor caminho. “Caso seja necessário, procure ajuda profissional para o seu filho enviando ao atendimento psicoterápico, desta forma ele terá todo o suporte necessário para lidar com o trauma”, finaliza.
Sobre a FSG – A FSG é o Centro Universitário da Serra Gaúcha. Reconhecida há mais de 20 anos pelo seu protagonismo no desenvolvimento de propostas educacionais instigadoras, é referência no cenário da educação superior. Oferece centenas de cursos de Graduação, Pós-graduação e Extensão presenciais e a distância. A Instituição integra o grupo Cruzeiro do Sul Educacional, um dos mais representativos do País, que reúne instituições academicamente relevantes e marcas reconhecidas em seus respectivos mercados, como Universidade Cruzeiro do Sul e Universidade Cidade de São Paulo – Unicid (São Paulo/SP), Universidade de Franca – Unifran (Franca/SP), Centro Universitário do Distrito Federal – UDF (Brasília/DF, Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio – Ceunsp (Itu e Salto/SP), Faculdade São Sebastião – FASS (São Sebastião/SP), Centro Universitário Módulo (Caraguatatuba/SP), Centro Universitário Cesuca (Cachoeirinha/RS), Centro Universitário da Serra Gaúcha – FSG (Bento Gonçalves e Caxias do Sul/RS), Centro Universitário de João Pessoa – Unipê (João Pessoa/PB), Centro Universitário Braz Cubas (Mogi das Cruzes/SP) e Universidade Positivo (Curitiba, Londrina e Ponta Grossa /PR), além de colégios de educação básica e ensino técnico. Visite: www.fsg.edu.br e conheça o Nosso Jeito de Ensinar.
Fundadora da ONG Em Boas Mãos, Beatriz Guedes Divulgação
Traumas não tratados permanecem no subconsciente e podem afetar o comportamento da vítima por toda a vida
Salvador Ramos, o atirador que matou 21 pessoas em uma escola do Texas, sofreu bullying por ser gago. A notícia, estampada em veículos de imprensa de todo mundo, serve como mais um alerta para um problema que atinge 23% dos estudantes brasileiros e provoca danos até a vida adulta. “Quando os traumas provocados pelo bullying não são tratados, ficam armazenados no subconsciente e podem se manifestar também na fase adulta, fazendo com que a pessoa tenha dificuldade nas relações pessoais, amorosas e na convivência em sociedade. Tudo isso pode afetar a sua vida profissional e levar ao desenvolvimento de vícios, além de manifestações de agressividade”, explica a psicóloga Bárbara Generozo Capato.
Estudo da American Academy Child & Adolescent Psychiatry dá a dimensão do problema: adolescentes entre 12 e 15 anos que sofrem bullying na escola têm risco até três vezes maior de tentar o suicídio. “As vítimas podem desenvolver quadros de depressão, transtornos de ansiedade, síndrome do pânico, transtornos alimentares, mudanças no padrão de sono, pesadelos. Esses distúrbios psicológicos, quando não tratados, podem, sim, levar esse jovem a ser violento contra outras pessoas ou contra si mesmo e cometer o suicídio”, explica Bárbara.
Danos do bullying têm reflexo até na vida adulta
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2019, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que 23% dos estudantes brasileiros disseram já ter sofrido bullying. Segundo a pesquisa, os maiores motivadores da prática são a aparência física: aparência do corpo (16,5%), aparência do rosto (11,6%) e cor ou raça (4,6%).
Foi justamente para ajudar vítimas de bullying que a advogada especialista em Direito Médico e Odontológico, Beatriz Guedes, criou uma ONG que atende vítimas de descriminação estética. “Sempre tive um senso de Justiça muito apurado e, quando era criança, via o sofrimento dos colegas que sofriam bullying. Sempre quis fazer algo para mudar essa situação. Quando passei a trabalhar diretamente com clínicas estéticas, acompanhei de perto o sofrimento que o bullying provoca até na vida adulta. Foi então que resolvi criar a ONG Em Boas Mãos”, comenta Beatriz.
A advogada reuniu profissionais de várias especialidades e áreas de atuação para ajudar vítimas de bullying que não têm condições financeiras de custear tratamentos estéticos capazes de recuperar a autoestima e ajudar a apagar traumas do passado. “Convivi com muitos adultos que carregam os traumas provocados pelo bullying desde a infância, por isso uma das frentes de atuação da ONG é oferecer atendimento psicológico aos pacientes”, completa a advogada.
Beatriz Guedes fundou ONG para ajudar vítimas de discriminação estética
Sinais de alerta
A psicóloga Bárbara orienta os pais a ficarem atentos a mudanças de comportamento, como baixa autoestima, falta de vontade de ir para a escola, dificuldades de aprendizado, comportamento autodepreciativo e até dificuldade pra dormir. “A família precisa investigar as origens dessas mudanças bruscas de comportamento para poder resolver a situação o mais rapidamente possível”, comenta.
Circulo vicioso
Bárbara conta que os agressores, muitas vezes, reproduzem situações que eles mesmos vivem. São jovens com problemas psicológicos, que também sofreram bullying ou até já foram agredidos no ambiente familiar ou na escola. “Eles tentam transferir os seus traumas por meio da agressividade contra os outros”, explica a psicóloga.
Little boy sitting alone on floor after suffering an act of bullying while children run in the background. Sad young schoolboy sitting on corridor with hands on knees and head between his legs. Créditos: divulgação
Construção de relações interpessoais na infância é fundamental para desenvolvimento socioemocional, diz especialista
Parece cena de filme, mas é mais comum do que deveria: uma criança sozinha, sentada em um canto do pátio da escola, enquanto todas as outras crianças se divertem juntas, correndo e brincando. Muitas vezes essa situação é resultado de processos de bullying, mas há também casos em que a criança é tão tímida que tem dificuldades para socializar.
Durante os anos da Educação Infantil, os pequenos passam a desenvolver habilidades e competências que contribuem para a socialização. “É socializando que a criança passa a perceber-se como um ser único e exclusivo. É nessa troca de relação que ela vê suas características e, aos poucos, conforme vai amadurecendo, consegue perceber a diferença entre si e o outro. Também é nesse contexto que ela começa a lidar com as emoções e sentimentos, tomar decisões e lidar com erros e frustrações”, explica o consultor pedagógico da Conquista Solução Educacional, Anderson Leal. Segundo ele, isso aparece inclusive na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que aponta que, nessa fase, é preciso desenvolver três campos de experiência: o eu, o outro e o nós.
Os primeiros anos de escola são também as primeiras oportunidades para conviver com pessoas de fora do ambiente familiar. Habilidades como segurança, autoestima, empatia e cooperação estão em jogo nesse momento. “As amizades contribuem para o desenvolvimento de quatro áreas fundamentais: o físico, o cognitivo, o social e o afetivo. Também ajudam a lidar com regras de convivência como respeitar as pessoas e aprender a dividir”, destaca o especialista. Essa relação é tão importante que algumas pesquisas mostram que crianças que têm bons amigos tendem a ter um melhor rendimento escolar.
Por que algumas crianças têm mais dificuldade para fazer amizades?
De acordo com Leal, existem vários fatores que podem fazer com que uma criança tenha dificuldade de fazer amizades. Um deles são os traumas já vivenciados por ela. “Se a criança vivenciou algum tipo de abuso, seja moral ou sexual, ela poderá ter dificuldade de criar vínculos com outra criança”, detalha. “A partir do Ensino Fundamental, episódios de bullying também podem ser os responsáveis por essa dificuldade”, completa.
Em qualquer caso, os pais precisam ficar atentos para entender qual é a situação em que os filhos se enquadram e descartar qualquer tipo de transtorno comportamental. “Precisamos observar se essa dificuldade está acompanhada de outras características, como irritabilidade, tristeza e falta de contato visual, por exemplo. Nesses casos, nada melhor que levar a criança a um especialista para que ele possa ajudar no diagnóstico e dar algumas orientações”, aconselha.
O que os pais podem fazer?
Quando os pais ou professores observam que uma criança está com dificuldades para se relacionar na escola, alguns passos podem ajudar. Em primeiro lugar, Leal orienta que é preciso fomentar momentos de integração com base na rotina da criança. “Em alguns casos, os pais ocupam quase 100% do dia para que a criança realize atividades extracurriculares. Essas atividades são importantes, mas precisam estar equilibradas com outros momentos.” É fundamental, por exemplo, proporcionar espaços de tempo para que os pequenos convivam com outras crianças fora da escola. Algumas ideias para isso são reunir os amigos para ir ao parque, ao playground do prédio, ao cinema ou até mesmo à casa uns dos outros. “Esse convívio gera intimidade e, a partir daí, a empatia surge naturalmente e a amizade vai sendo estabelecida”, afirma. Ele lembra, ainda, que é preciso ter cuidado para evitar a superproteção, com atenção para não interferir nos relacionamentos dos filhos, o que contribui para que eles se tornem mais inseguros.
Sobre a Conquista Solução Educacional
A Conquista é uma solução educacional que oferece aos alunos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio uma proposta de educação que tem quatro pilares: a educação financeira, o empreendedorismo, a família e a educação socioemocional. Com diversos recursos, material didático completo e livros de Empreendedorismo e Educação Financeira, o objetivo da solução é ajudar, de forma consistente, os alunos no processo de aprendizagem e estimular o desenvolvimento de suas capacidades. Atualmente, mais de 2 mil escolas de todo o Brasil utilizam a solução.
O bullying nas escolas é amplamente discutido e combatido, mas pouco se fala sobre esse tipo de problema no ambiente corporativo. Normalmente, a vítima teme os agressores, seja por questões hierárquicas ou pela influência e intimidação que exercem sobre o contexto social em que a vítima está inserida.
De modo geral, o bullying é um ato de abuso de poder, que pode ser projetado de forma psicológica, verbal e/ou física. A prática também é caracterizada por uma intimidação contínua, ou seja, diversos episódios de fofocas, piadas, isolamento e até mesmo ameaças a um colaborador. Há semelhanças com o assédio moral, já que ambas são situações de abuso de poder. A diferença, em teoria, é que atos de assédio estão sempre ligados a algum atributo social, seja classe, raça, gênero, idade, etc da vítima ou posição de hierarquia na empresa. O bullying, por sua vez, pode incluir também agressões ligadas à características de personalidade da vítima e não precisa necessariamente ter ligação com alguma posição de poder social ou organizacional.
Como forma de qualificar o debate, sugerimos um papo com Rafaela Frankenthal, co-fundadora da SafeSpace, startup cuja tecnologia ajuda empresas a identificar e resolver problemas de má conduta no ambiente de trabalho.
Para ela, além do impacto negativo na vida das vítimas, que ficam mentalmente e fisicamente esgotadas com esse tipo de violência, o bullying no trabalho também pode gerar altos custos para as companhias, como danos à reputação e cultura da empresa, processos jurídicos, queda de produtividade e ausência no trabalho.
“O ponto mais importante para combater o bullying efetivamente, é não esperar o problema escalar para fazer alguma coisa a respeito. Muitas vezes, bullies são protegidos dentro das empresas porque eles são bons profissionais. Quando os sinais começam a aparecer, as pessoas responsáveis olham para o lado porque não querem encarar que existe um problema, porque não querem interferir no dia a dia daquela pessoa. Porém, se pararmos para pensar, isso é bem contraditório visto que quanto mais cedo você interferir, menor a chance de ter que tomar uma medida mais drástica para resolver uma situação”, diz Rafaela.
É parte fundamental do papel da liderança ensinar quais são as expectativas em relação não só à performance mas também ao comportamento no trabalho. Vale ressaltar aqui, que simplesmente falar “seja respeitoso com as pessoas” ou “tenha uma postura profissional”, não é o suficiente. “É preciso estabelecer um código de conduta e ética, com descrições e exemplos que ajudem os funcionários a entender exatamente o que é e não é aceitável de forma clara.Além disso, os funcionários devem ter acesso a um canal seguro para relatar casos e ser incentivados a usá-lo, com a garantia de que serão protegidos pela empresa”, finaliza a especialista.
Rafaela Frankenthal
Co-fundadora da Safe Space, graduada em comunicação e marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP), especialista em gênero, sociedade e representação pela University College London (UCL).
Sobre a Safe Space
A Safe Space é uma plataforma que auxilia na comunicação, resolução, mitigação e prevenção de más condutas no ambiente de trabalho. Por meio da implementação de canais de escuta robustos e capacitação de equipes autônomas de análise de relatos de assédio, fraudes, entre outras condutas antiéticas de forma inteligente. Criada em 2020, a empresa detém uma tecnologia inovadora no mercado de compliance.
No janeiro branco, é importante entender como uma questão emocional pode se transformar em uma doença física.
A palavra, que tem origem inglesa, caracteriza um comportamento de agressões que podem ser físicas, verbais e psicológicas contra outra pessoa.
A vítima, que geralmente ainda está na infância, sofre perseguições e é ridicularizada em decorrência da sua sexualidade, corpo, hábitos, família… Segundo Bianca Drabovski, terapeuta e facilitadora de ConsCiência, explica que “Quando uma criança é vítima de Bullying, as consequências físicas dos traumas podem aparecer imediatamente, mas também alguns anos depois”.
Há alguns anos, o termo Bullying ganhou muita força nas redes. Nas escolas, as crianças passaram a entender o quão ruim era esse comportamento e a maioria evita ter esse tipo de atitude. Entretanto, mesmo após a difusão da palavra, o Bullying é uma situação que ainda afeta várias pessoas e além de suas consequências a curto prazo, sofrer esse tipo de agressão pode gerar problemas de diversos à vítima no futuro.
O Bullying pode ter várias consequências comportamentais como medo constante, vergonha, isolamento social, baixa autoestima… Mas não só esses, a vítima pode sofrer também de sintomas físicos. “Por se sentir desvalorizada e ferida moralmente, por exemplo, como forma de proteção o corpo pode começar a acumular gordura. O que, em alguns casos, ajuda a intensificar os episódios de Bullying”, explica a terapeuta. Não só isso, com o decorrer dos anos, geralmente com o dobro da idade em que se sofria Bullying, a pessoa pode começar a apresentar outros sintomas como enxaqueca, ou perda de cabelos, por exemplo. O sintoma ou doença a ser apresentado vai depender de como a pessoa se sente perante a situação vivida.
Com as Leis Biológicas, Bianca afirma que “É possível reconhecer a dor através do trauma vivido. Com essa ferramenta de terapia, a doença é explicada de forma a entender os porquês que fizeram-na se manifestar”. Nas sessões, são observados o ciclo de vida, a idade e os sintomas relacionados às emoções. É realizado um trabalho investigativo minucioso durante uma sessão terapêutica.
Os traumas que vivemos podem ser explicações para doenças que surgem no nosso corpo e, saber identificar a origem do problema, garante a solução e o eficaz tratamento da dor. Para finalizar, a facilitadora de ConsCiência ainda lembra: “Como outros traumas, o Bullying pode gerar inúmeros problemas à vítima. Na vida pessoal, profissional e ainda pode ocasionar desequilíbrios biológicos. Realizar um tratamento é indispensável para uma boa qualidade de vida e prevenção de futuras doenças”.
Serviço: Bianca Drabovski Chemin Co-criadora da Descompressão Tecidual Global, Facilitadora de Consciência e Terapeuta em Saúde Integrativa. 41.98896.1704 @bianca.consciencia @bianca.consciencia https://www.youtube.com/channel/UCQOsEgQOpzdoCLuqPhXzCog contato@biancaconsciencia.com.br www.biancaconsciencia.com.br Rua Boanerges de Menezes Caldas, 264, Boa Vista, Curitiba -PR
Casos de bullying são cada vez mais frequentes nas escolas brasileiras. Pesquisas mostram que o Brasil, por exemplo, tem superado a média internacional de ofensas e agressões. Um estudo divulgado pela faculdade de medicina da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade de Cambridge, na Inglaterra, aponta que um terço dos estudantes entrevistados sofre bullying nas escolas.
Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostra ainda que 29% dos estudantes brasileiros relataram terem sofrido bullying. A média da OCDE é de 23%.
Essas pesquisas revelam a importância de entender e combater o bullying em sala de aula. Muitos são os sinais. No entanto, na maioria das vezes, os adolescentes e as crianças reagem com desinteresse pela escola, arrumando desculpas para não ir sozinha, comentando que não gosta do professor ou não entende a matéria. Na verdade, isso são desculpas para evitar o contato com os colegas que praticam o bullying.
Em outros casos, eles optam por se isolar dos amigos, ficam mais apáticos e choram com facilidade. Já em casos que resultam em agressões físicas, a criança pode aparecer com hematomas e machucados. Apesar de parecer mais grave, tanto a saúde física quanto a emocional precisam ser tratadas com o mesmo carinho e atenção pelos responsáveis em casa e na escola. Eu mesmo sofri bullying na infância devido às espinhas. Tive apelidos como cara de queijo, cara de lua e quase fiquei com autoestima baixa, pois tinha vergonha de procurar ajuda.
A atitude do professor ao perceber casos de bullying deve ser de intervir, mas deve fazer isso com sabedoria, para evitar traumas e frustrações no futuro. A escola precisa estimular discussões para prevenir e orientar sobre o tema. Trazer casos reais para serem analisados com os alunos. Acolher os estudantes de maneira que eles se sintam seguros e fortalecidos e vejam, na escola, um ambiente propício para serem eles mesmos: sem preconceito, sem diferenciação, sem estigmas.
Em pleno 2020, uma escola, que não faz um trabalho psicossocial nem atende crianças e adolescentes que sofrem por terem personalidades distintas, revela-se completamente dessincronizada com a sociedade, precisando rever seus conceitos. Hoje, é fundamental que a escola fomente conversas, debates, palestras inclusivas em seu ambiente, sem se esquecer de apontar as qualidades dos alunos e valorizá-las
Já os pais precisam conscientizar a criança que pratica bullying. É preciso mostrar que essa atitude é completamente inaceitável e que pode causar danos irreparáveis ao colega.
A conscientização passa por várias ações: conversas, repreensões com sabedoria em casa, realização de brincadeiras, onde a criança, ao brincar, costuma expressar seus sentimentos, suas angústias e suas dúvidas. Percebendo que seu filho está agindo de maneira agressiva, tente conversar e acalmá-lo. Não deixe de procurar a ajuda de um psicólogo para orientá-lo melhor.
A empatia tem importância fundamental para diminuir casos de bullying. É uma das palavras mais importantes para o nosso contexto atual. A empatia, segundo os estudiosos, é a tentativa de compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo. Em resumo, é se colocar no lugar do outro.
A partir do momento que o jovem entende que um determinado tipo de brincadeira lhe faria mal, deixaria constrangido, ele pensa duas vezes e evita a situação. Isso, sem sombra de dúvidas, reduz os casos de bullying.
*Leonardo Chucrute é diretor-geral do Colégio e Curso Progressão, Professor de matemática e física, palestrante, autor de livros didáticos e tem canal no Youtube.
Bullying é o termo utilizado para descrever atos de violência, seja física ou psicológica, praticados por um indivíduo ou grupo em quem sofre com o ato. A prática do bullying é comum principalmente no meio escolar e, por isso, tem ganhado um olhar específico dos profissionais da educação, com o objetivo de combater e instruir os professores, a equipe pedagógica e, principalmente, pais e responsáveis.
Segundo a psicopedagoga e especialista em gestão escolar, Ana Regina Caminha Braga, é importante olhar para os dois lados: o de quem sofre e o de quem pratica o bullying. “Os olhares estão sempre relacionados a vítima, mas e o agressor? Como é realizado o acompanhamento e até mesmo as orientações? Esse sujeito precisa ser analisado pelo pedagogo, psicólogo e demais profissionais, caso necessário”, explica.
O agressor deve ser visto como uma pessoa que tem em sua maioria, uma satisfação em machucar, denegrir, depreciar e agredir o outro por vários motivos, sejam eles de cunho racial, por alguma deficiência, classe social, religião, etnia, gênero, entre outros. Para Ana Regina, a escola deve agir imediatamente, pois para a instituição não importa o motivo e, sim, como o agressor será tratado. Nesses casos é relevante observar e acompanhar os alunos não só em sala, mas a todo momento dentro do ambiente escolar.
Após identificar o agressor, a orientação combinada entre psicólogos, psicopedagogos e família, devem ser seguidas rigorosamente. “O agressor nem sempre deixa explícito sua vontade ou atitudes em machucar o outro, seja ela verbal ou fisicamente. Os prejuízos psicológicos para a pessoa que pratica o bullying também devem ser tratados com máxima cautela. Precisamos sempre olhar o dois lados da moeda”, completa.