Plano “Made In China 2025” é ambicioso e pretende transformar o país em um polo de inovação e tecnologia
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Ser uma potência industrial e tecnológica imbatível. É esse o plano ambicioso da China com a automação das tarefas industriais por meio de robôs, inteligência artificial e uma grande quantidade de dados disponíveis (big data). O governo disse claramente que Pequim deixará de ser um local de mão-de-obra barata para se tornar um local de engenheiros. Com esse plano, o objetivo é multiplicar em 10 vezes o número de robôs, atingindo 1,8 milhão de unidades até 2025.
O plano recebeu o nome de “made in China 2025” e é atacado pelos Estados Unidos, que o considera uma ameaça à segurança nacional e a e a livre concorrência. No final de julho de 2019, Pequim subiu o tom contra os EUA, em documento publicado pelo Ministério de Defesa.
Pequim afirmou que os EUA estão atrás de “inovações tecnológicas e institucionais em busca da superioridade militar absoluta” e prejudicam a “estabilidade estratégica global”. Em entrevista, Ning Wang, co-autor do livro ‘Como a China se tornou Capitalista’ e pesquisador sênior do Instituto Ronald Coase diz que o “Made in China 2025” é “desejável e benéfico para a China e os outros países”.
“Como a China é o maior produtor de doutores universitários do mundo, tem a obrigação de ser mais inovadora”. Com todo esse potencial tecnológico e inovador, é de se imaginar que muitas pessoas estejam perdendo emprego – e de fato estão. Se antes os soldadores utilizavam ferramentas como inversora de solda de forma manual, hoje boa parte das fábricas já realizam o trabalho de forma milimétrica com a ajuda de robôs.
Para as fábricas, a automatização também reduz o número de acidentes de trabalho. Muitos entravam em contato com substâncias químicas com frequência ou se acidentavam com os utensílios de trabalho, como as chapas afiadas. A DE&E, que fabrica eletrodomésticos, por exemplo, viu o número de trabalhadores na linha de produção cair de 430 pessoas para 138. A soldagem com máquinas tradicionais era feita com 28 pessoas. Hoje, a fábrica precisa de apenas três para movimentar as pessoas.
Embora o projeto seja ambicioso, a China ainda não tem uma alta taxa de automatização. Em 2018, o país tinha 68 robôs por cada 10 mil trabalhadores industriais. Para se ter uma ideia, na Coreia do Sul, líder mundial, são 631 máquinas para cada funcionário.
De acordo com o relatório “O Futuro do Trabalho”, publicado pelo Fórum Econômico Mundial em 2018, os robôs acabarão com mais de 50 milhões de empregos na região. Mas, em compensação, criarão outros 130 milhões em torno do setor. O governo, as empresas e os trabalhadores, portanto, terão que fazer um enorme esforço nos próximos anos para se adaptar a esse novo ecossistema.