O pânico coletivo é uma questão emergencial
Mauricio Ferraz de Paiva
Alguns fenômenos sociais, em particular o problema do pânico coletivo, apresentam características de emergência. Pois é através das ações de cada pessoa em pânico que surge um sistema totalmente complexo e descontrolado, podendo levar a muitos mortos e feridos. O comportamento coletivo se manifesta em qualquer tipo de sistemas onde os padrões são determinados pelas interações de um grupo de pessoas. Não há necessidade de se ter um líder e a comunicação também não é explícita entre elas.
O comportamento coletivo apresenta um princípio que é útil tanto para a natureza quanto para os humanos: deve haver algumas tarefas que são mais fácies de serem realizadas em grupo ao invés de sozinhas. Alguns exemplos de comportamento coletivo que podem ser encontrados na natureza são: bando de pássaros, cupins construindo seu cupinzeiro e uma colônia de formigas.
Ao ver uma revoada de pássaros, observa-se que não existe um pássaro líder mostrando aos demais a direção certa para voar. Em vez disso, cada pássaro simplesmente possui um comportamento natural para reagir ao redor dos outros pássaros, e quando todos eles voam juntos surge o resultado que é o comportamento coletivo chamado de revoada.
Outro exemplo são as formigas, as quais são capazes de se organizarem para procurar alimentos, cuidar dos ovos e das larvas, defenderem a colônia, etc. Ou seja, são seres simples que através do comportamento coletivo resolvem problemas complexos. Na sociologia, a multidão, a violência coletiva chamada de linchamento, o pânico coletivo, a moda, os boatos e os movimentos sociais são tratados como comportamentos coletivos.
Alguns especialistas, tratando da psicologia das multidões, dizem que sejam quais forem os indivíduos que compõem um grupo, não importando as diferenças entre os seus componentes, seja seu modo de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o fato de haverem sido transformados num grupo, coloca-os na posse de uma espécie de mente coletiva que os faz sentir, pensar e agir de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro dele, tomado individualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso se encontrasse em estado de isolamento. Assim, toda a análise sobre esse fato está construída no sentido de demonstrar o caráter irracional, impulsivo e mesmo regressivo da ação da multidão.
Outras teorias procuram explicar o comportamento da multidão. A teoria do contágio diz que a multidão pode exercer um efeito hipnótico sobre seus membros. O anonimato cria um efeito de negligência de responsabilidades dentro das pessoas na multidão a qual as fazem agir de forma irracional e até mesmo violenta.
Isto não quer dizer que elas não sabem o que estão fazendo. Como, por exemplo, no caso do saqueamento de uma loja, a multidão age dessa forma porque naquele momento cada um deles é um anônimo e pode roubar as mercadorias e ir embora, com poucas chances de ser reconhecido e punido.
A teoria da convergência diz que o comportamento coletivo é o resultado da convergência de pessoas que pensam de maneira semelhante, sendo através do comportamento coletivo que elas expressam suas atitudes e crenças. Um exemplo claro é o que acontece em uma partida de futebol, pois existem duas torcidas distintas e os torcedores de uma mesma torcida pensam semelhantemente uns dos outros.
O desejo de ambos os torcedores é ver seu time ganhar. Ao final do jogo, quase sempre um time perde, e os torcedores deste time ficam frustrados com a derrota, enquanto os do ganhador ficam exaltados e felizes, demonstrando em si toda a superioridade de seu time.
Dessa forma, se em alguma ocasião for criada uma situação de tensão entre as duas torcidas, como por exemplo, um torcedor do time ganhador zombar do perdedor na frente dos seus torcedores, uma reação imediata de violência e brutalidade poderá ser tomada pelo grupo.
O pânico é geralmente definido por pavor ou susto repentino que provoca uma reação desordenada de propagação rápida no organismo diante de um perigo. Imagine uma situação na qual um pedestre tenha que atravessar uma avenida quando de repente, ele percebe que um caminhão em alta velocidade e desgovernado se aproxima em sua direção. Seu organismo reage imediatamente causando-lhe reações químicas e físicas, ou seja, o indivíduo entra em pânico, o que é conhecido como pânico individual.
A síndrome do pânico também é do tipo individual. Só que neste caso não existe uma causa. No caso do pedestre havia o caminhão. Na síndrome, é como se o cérebro fosse como uma casa que tem um alarme contra ladrões. Esse alarme é muito útil para situações de perigo. No entanto, para certas pessoas, esse alarme toca de repente, sem nenhum motivo aparente.
O pânico coletivo envolve uma grande quantidade de pessoas ou uma multidão em diversas situações de perigo. Imagine por exemplo, um estádio de futebol lotado quando de repente uma arquibancada começa a cair.
O que acontece? As pessoas entram em pânico. O mesmo ocorre em um cinema e a sala começa a pegar fogo. O estudo do pânico coletivo é de grande importância e utilidade para toda a sociedade.
Uma de suas finalidades é estudar a segurança das pessoas envolvidas em situações de acidentes. Nessas circunstâncias o que ocorre frequentemente são mortes de pessoas, as quais ao tentarem evacuar o recinto acabam sendo pisoteadas por outras.
O estudo das situações de pânico pode auxiliar no entendimento do comportamento das pessoas nessas circunstâncias, além de tentar criar planos de prevenção e tomadas de decisões mais rápidas durante a ocorrência de algum desses casos.
Existem três normas técnicas que tratam do problema da sinalização a fim de amenizar o pânico. A NBR 13434-1 de 03/2004 – Sinalização de segurança contra incêndio e pânico – Parte 1: Princípios de projeto fixa os requisitos exigíveis que devem ser satisfeitas pela instalação do sistema de sinalização de segurança contra incêndio e pânico em edificações; a NBR 13434-2 de 03/2004 – sinalização de segurança contra incêndio e pânico – Parte 2: Símbolos e suas formas, dimensões e corespadroniza as formas, as dimensões e as cores da sinalização de segurança contra incêndio e pânico utilizada em edificações, assim como apresenta os símbolos adotados; e a NBR 13434-3 de 07/2005 – Sinalização de segurança contra incêndio e pânico – Parte 3: Requisitos e métodos de ensaio define os requisitos mínimos de desempenho e os métodos de ensaio exigidos para sinalização contra incêndio e pânico de uso interno e externo às edificações, a fim de garantir a sua legibilidade e integridade.
A sinalização de segurança contra incêndio e pânico tem como objetivo reduzir o risco de ocorrência de incêndio, alertando para os riscos existentes, e garantir que sejam adotadas ações adequadas à situação de risco, que orientem as ações de combate e facilitem a localização dos equipamentos e das rotas de saída para abandono seguro da edificação em caso de incêndio. A sinalização de segurança contra incêndio e pânico faz uso de símbolos, mensagens e cores definidos na NBR 13434-2 e instalados nas áreas de risco.
Ela é classificada em sinalização básica e complementar. A básica é constituída por quatro categorias, de acordo com a sua função: sinalização de proibição, cuja função é proibir ou coibir ações capazes de conduzir ao início do incêndio ou ao seu agravamento; sinalização de alerta, cuja função é alertar para áreas e materiais com potencial risco; sinalização de orientação e salvamento, cuja função é indicar as rotas de saída e ações necessárias para o seu acesso; sinalização de equipamentos de combate e alarme, cuja função é indicar a localização e os tipos de equipamentos de combate a incêndio disponíveis. As sinalizações devem apresentar efeito fotoluminescente.
Os recintos destinados à reunião de público sem aclaramento natural ou artificial suficiente para permitir acúmulo de energia no elemento fotoluminescente das sinalizações de saída devem possuir sinalização iluminada com indicação de saída (mensagem escrita e/ou símbolo correspondente), sem prejuízo ao sistema de iluminação de emergência de aclaramento de ambiente, conforme aNBR 10898 (NB652) de 03/2013 – Sistema de iluminação de emergência que especifica as características mínimas para as funções a que se destina o sistema de iluminação de emergência a ser instalado em edificações ou em outras áreas fechadas, na falta de iluminação natural ou falha da iluminação normal instalada.
A sinalização complementar é composta por faixas de cor ou mensagens, devendo ser empregadas nas seguintes situações: indicação continuada de rotas de saída; indicação de obstáculos e riscos de utilização das rotas de saída, como pilares, arestas de paredes, vigas, etc.; mensagens escritas específicas que acompanham a sinalização básica, onde for necessária a complementação da mensagem dada pelo símbolo.
Os diversos tipos de sinalização de segurança contra incêndio e pânico devem ser implantados em função de características específicas de uso e dos riscos, bem como em função de necessidades básicas para a garantia da segurança contra incêndio na edificação. A princípio, a sinalização básica deve estar presente em qualquer tipo de edificação onde são exigidas, por norma ou regulamentação, saídas de emergência de uso coletivo e instalação de equipamentos e sistemas de proteção contra incêndio.
Exemplos de instalação são apresentados no anexo A. Importante é que a sinalização de saída de emergência apropriada deve assinalar todas as mudanças de direção ou sentido, saídas, escadas, etc., deve ser instalada segundo sua função.
Por exemplo, a sinalização de portas de saída de emergência deve ser localizada imediatamente acima das portas, no máximo a 0,10 m da verga; ou na impossibilidade desta, diretamente na folha da porta, centralizada a uma altura de 1,80 m, medida do piso acabado à base da sinalização. A sinalização de orientação das rotas de saída deve ser localizada de modo que a distância de percurso de qualquer ponto da rota de saída até a sinalização seja de no máximo 7,5 m, e adicionalmente esta sinalização também deve ser instalada de forma que no sentido de saída de qualquer ponto seja possível visualizar o ponto seguinte, distanciados entre si em no máximo 15,0 m, sendo que a sinalização deve ser instalada de modo que a sua base esteja no mínimo a 1,80 m do piso acabado.
Já a sinalização de identificação dos pavimentos no interior da caixa de escada de emergência deve estar a uma altura de 1,80 m, medida do piso acabado à base da sinalização, instalada junto à parede, sobre o patamar de acesso de cada pavimento. Se existirem rotas de saída específicas para uso de deficientes físicos, deverão ser sinalizadas para tal uso.
Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro eletricista, especialista em desenvolvimento em sistemas, presidente do Instituto Tecnológico de Estudos para a Normalização e Avaliação de Conformidade (Itenac) e presidente da Target Engenharia e Consultoria –mauricio.paiva@target.com.br
FONTE: Equipe Target
Maria
http://mtc-m16c.sid.inpe.br/col/lac.inpe.br/worcap/2003/10.28.18.23/doc/ivana_versaofinal.pdf
porque é que essa fonte não está referida? Ou é só “coincidência”?