A ecotoxicidade é a necessidade de conhecer os efeitos que os produtos químicos lançados no meio ambiente podem ter sobre indivíduos, sobre populações e comunidades de organismos, além de conhecer como o homem pode ser afetado. Atualmente, uma imensa gama de substâncias químicas foi produzida de forma intencional ou como subproduto de atividades produtivas. Algumas dessas substâncias são essencialmente artificiais, outras, apesar de terem ocorrência natural, tiveram a sua concentração aumentada no meio ambiente. A NBR 15469 estabelece os procedimentos para coleta, preservação e preparo de amostras a serem utilizadas em ensaios ecotoxicológicos.
Mauricio Ferraz de Paiva
Metais, hormônios, derivados do petróleo, dioxinas e furanos são exemplos de substâncias de ocorrência natural, mas que são motivo de preocupação, dada a alta concentração em que são encontradas em alguns locais e à capacidade de provocar danos aos seres vivos. Os metais não são degradáveis e podem se acumular no tecido de organismos vivos causando disfunções metabólicas e até mesmo más formações em fetos humanos.
Os hormônios podem causar desregulações endócrinas com consequências no crescimento, no desenvolvimento e na reprodução. Alguns hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), encontrados em combustíveis fósseis como carvão e petróleo, se acumulam nas gorduras de animais, e são cancerígenos. As dioxinas e os furanos são produzidos na queima de carvão e também de florestas; são bastante tóxicos e comprovadamente carcinogênicos.
Outras substâncias como pesticidas e substâncias farmacêuticas não existiam na natureza, mas foram criadas pelo homem. Outra classe de substâncias com crescente preocupação são os chamados produtos de nanotecnologia, ou simplesmente nanopartículas.
São os materiais particulados com pelo menos uma dimensão menos que 100 nanômetros (nm), sendo 1 nm igual a 10-9 m. Sua aplicação é comumente utilizada em componentes de drogas e nanotubos com aplicação em ótica, eletrônica e arquitetura. No entanto, existem relatos de danos à saúde humana e efeitos tóxicos em microcrustáceos e copépodas.
A NBR 15469 de 12/2015 Ecotoxicologia – Coleta, preservação e preparo de amostras estabelece os procedimentos para coleta, preservação e preparo de amostras a serem utilizadas em ensaios ecotoxicológicos. As condições específicas são descritas nas normas dos respectivos ensaios. Aplica-se a amostras, como: águas; efluentes; sedimentos; solos; resíduos sólidos; fluidos; produtos químicos; óleos e derivados.
A caracterização de um ecossistema é complexa e envolve um grande número de variáveis, o que pode conduzir à elaboração de programas de amostragens com extensão e recursos superdimensionados e uma relação custo/benefício inadequada. No sentido de minimizar os custos, e desde que isto não influencie na qualidade dos trabalhos, o levantamento de dados pretéritos ou pré-caracterização pode contribuir com informações sobre as características da área de estudo e as principais atividades poluidoras.
Os objetivos do estudo devem ser definidos considerando as características da amostra ou, quando pertinente, da área envolvida, como o uso previsto, natureza e área de influência de possíveis interferentes. A elaboração de um plano de amostragem promove o máximo de rendimento e evita problemas no desenvolvimento dos trabalhos, estabelecendo, por exemplo: as matrizes e os parâmetros a serem analisados; os métodos analíticos a serem aplicados; os locais de amostragem; o número de amostras e a periodicidade das coletas; os equipamentos, métodos de coleta e preservação de amostras a serem adotados; e o cronograma das diferentes atividades.
Os técnicos envolvidos com o trabalho devem utilizar os equipamentos de proteção individual (EPI) adequados. No processo de obtenção da amostra, são requisitos mínimos os seguintes registros: identificação numérica ou nominal da amostra; data e hora de coleta; natureza da amostra; localização geográfica (longitude e latitude), quando pertinente; identificação do ensaio a que se destina; e cadeia de custódia.
A cadeia de custódia deve ser preenchida no momento da coleta e deve acompanhar as amostras até o laboratório. Este documento deve conter os dados que garantam a rastreabilidade da amostra desde o momento da coleta até o seu recebimento no laboratório.
A integridade da identificação da amostra deve ser mantida desde a coleta até o término do processo analítico. Para a coleta e armazenamento da amostra, deve ser utilizado material que não interfira no resultado do ensaio.
O equipamento de amostragem deve ser cuidadosamente selecionado em função dos diferentes materiais que podem estar presentes no ambiente e também das análises a serem realizadas. Deve ser tomado o máximo de cuidado para evitar contaminação cruzada, espalhamento dos contaminantes, perda de compostos voláteis, mudança da composição devido à exposição ao ar e outras mudanças que podem ocorrer entre a amostragem e a realização dos ensaios.
As amostragens devem ser programadas junto ao laboratório executor em função das especificidades de cada ensaio, priorizando a validade da amostra sem congelamento. A cada ponto amostrado, todo material não descartável a ser utilizado deve ser descontaminado, seguindo procedimentos adequados em função da substância química de interesse (SQI) a ser investigada.
Para amostras líquidas e de sedimento, os recipientes devem ser totalmente preenchidos para minimizar a presença de ar. No caso de congelamento de amostras líquidas, se o recipiente estiver completamente preenchido, é necessário homogeneizar e desprezar uma pequena quantidade da amostra para evitar a ruptura do recipiente.
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