O novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo Governo Federal na última sexta-feira, 11, trouxe uma importante novidade. Pela primeira vez, os hospitais universitários federais receberão um investimento para melhorar e ampliar o atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como aumentar sua capacidade de ensino, pesquisa e inovação. No Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol), o valor liberado pelo PAC é de R$ 40 milhões. Leia mais.
Uma nova formulação de material para aumentar a velocidade de reações do metano, gás incolor, inodoro, inflamável e explosivo em ambiente fechado usado em elevadas temperaturas de reação por um longo tempo, cuja aplicação é vasta na produção de insumos petroquímicos, combustíveis sintéticos, fertilizantes e geração energética. Este foi o resultado de um estudo desenvolvido por nove pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que redundou, no mês de julho, em um novo depósito de pedido de patente.
A nova tecnologia é fruto da dissertação de Yuri Kauã Rodrigues de Oliveira Silva, do Programa de Pós-graduação em Química (PPGQ). Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), ele realça que a invenção tem capacidade de influenciar na catálise de reações de reforma do metano. A catálise é um processo no qual, ao adicionarmos uma determinada substância, uma reação química ocorre de maneira mais rápida. No caso do metano, tal procedimento é amplamente utilizado industrialmente para produzir gás de síntese, uma mistura gasosa de hidrogênio (H2) e monóxido de carbono (CO).
Este gás de síntese pode ser usado em combustão direta ou pode ser usado como matéria-prima para produção de outros compostos, como biometanol ou biocombustíveis; estes dois últimos combustíveis, derivados do biogás, são extraídos a partir de um processo de purificação. Yuri Kauã pontua que graças à resistência à formação de carbono inorgânico e à resistência à sinterização, o catalisador é capaz de manter elevada a atividade química, mesmo em altas temperaturas de reação. “Essa situação propicia a redução de custos operacionais. Especificamente sobre o nosso produto, um aspecto relevante é o baixo custo de produção, com a fase ativa composta por metais não-nobres, mais baratos, e um promotor mais acessível que os amplamente utilizados metais terras-raras, como o cério e o lantânio, de difícil extração”, descreve.
A conjunção dessas características faz com que o catalisador bimetálico desenvolvido, usando níquel e cobalto, possua estabilidade superior em relação aos catalisadores padrões. O depósito de pedido da patente recebeu o nome, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), de “Catalisadores bimetálicos promovidos por trióxido de boro para a produção de gás de síntese via reforma do metano”. Participaram da criação os cientistas Dulce Maria de Araújo Melo, Rodolfo Luiz Bezerra de Araújo Medeiros, Renata Martins Braga, Ângelo Anderson Silva de Oliveira, Tomaz Rodrigues de Araújo, Jhonatan Ferreira Câmara, Joyce Cristine Araújo da Silva e Fernando Velcic Maziviero. Em vídeo, dois deles destacam alguns aspectos da patente e das potencialidades do Laboratório onde os testes ocorreram na área de produção de hidrogênio renovável.
O grupo defende que o patenteamento de invenções nacionais, no âmbito da indústria do petróleo e da indústria petroquímica, fortalece o esforço tecnológico nacional para o desenvolvimento de materiais especiais para catálise, bem como fornece alternativas nacionais à indústria brasileira, diminuindo a necessidade de importação desses insumos. Números recentes posicionam a indústria química brasileira na sexta posição no mundo, alcançando faturamento superior a 100 bilhões de dólares em 2022, sendo o segmento que mais arrecada em tributos federais, em um valor que chegou a quase 30 bilhões – o que representa 13,1% do total da indústria.
O movimento de criar alternativas tecnológicas nacionais ecoa em números da indústria petroquímica. Em nota técnica, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) identificou um aumento na participação de importações no setor, “chegando ao elevado patamar de 45% em dezembro de 2019, ou seja, praticamente metade dos produtos químicos utilizados pelo país era importada”. O órgão identificou que uma das situações que levou a esse cenário foi a diminuição do apoio governamental ao desenvolvimento industrial no final da década passada.
Labtam, uma nascente de patentes
Localizado no prédio do Núcleo de Processamento Primário e Reuso de Água (Nuprar), o Laboratório de Tecnologia Ambiental (LabTam) tem como característica substancial o uso de conhecimento na área química para o desenvolvimento de novas tecnologias. Não por acaso, do conhecimento gerado em suas pesquisas, mais de duas dezenas de pedidos de patente contam com a participação de integrantes do Laboratório. Não fechado em si, a contribuição em pesquisas se espalha por áreas além da química, como é o caso da engenharia de materiais e da construção civil.
Dulce Maria de Araújo Melo, coordenadora do LabTam, ressalta que a equipe tem focado na produção e no desenvolvimento de materiais avançados para a produção de hidrogênio, por meio da “modificação” de catalisadores, utilizando algumas ferramentas. Estas são, por exemplo, machine learning, engenharia de superfície e design of experiments (Doe), técnica usada para o estabelecimento das proporções ideais entre os componentes níquel, cobalto e trióxido de boro na formulação patenteada. “Sobre essa nossa recente invenção, testamos os materiais em microescala e estamos avaliando a produção dos catalisadores bimetálicos, em quantidade suficiente, para testes em um reator em escala piloto, visando o escalonamento da tecnologia”, relata.
Em vídeo anterior, a cientista já defendia a importância de proteger e, ao mesmo tempo, dar visibilidade às pesquisas básica e acadêmicas que se transformam em patentes, “em produtos que a sociedade possa usar e se beneficiar”.
A descoberta científica passa, agora, a integrar a vitrine tecnológica da UFRN, grupo de invenções formado por mais de 600 ativos de propriedade industrial, entre patenteamentos e registros de programas de computador. Com o pedido junto ao INPI, inicia-se o percurso de um lapso temporal de 18 meses, momento no qual ele é mantido em sigilo. Após esse período, o depósito é, efetivamente, tornado público, podendo sofrer pedidos de impugnação por terceiros. Até os 36 meses, o INPI realiza o exame técnico, quando acontece a verificação dos preceitos legais quanto à patenteabilidade. Concluído o exame, será proferida a decisão, deferindo ou indeferindo o pedido de patente, em um processo que costuma durar cerca de cinco anos.
Inovação, organização e monitoramento da atividade pesqueira sustentável. Essa é a promessa do aplicativo Shiny4SelfReport (SSR), criado pelos cientistas Eurico Mesquita Noleto-Filho, Adriana Rosa Carvalho e Ronaldo Angelini, da UFRN, e pelo pesquisador Jeroen Steenbeek, da Ecopath International Initiative. A nova tecnologia, disponível gratuitamente, é capaz de coletar e monitorar os dados de pesca, tais como quantidade, preço por quilo e quantos dias o pescador precisou ficar no mar. As informações são fornecidas pelos próprios usuários, sejam pescadores ou pesquisadores.
O aplicativo melhora a montagem de dados sobre a pesca artesanal, fornece envolvimento dos pescadores e pode aumentar o conhecimento dessa cultura em todo o mundo. Além de ser gratuita e de código aberto, a tecnologia é intuitiva, com fotos e descrição dos animais. Para criar essa novidade, os pesquisadores receberam o apoio do Triatlas, projeto financiado pela União Europeia e por mais de 40 instituições europeias, africanas e brasileiras, incluindo a UFRN.
Embora pensado para monitorar os dados da atividade pesqueira, o SSR permite que outras informações sejam estudadas. Em Cabo Verde, na África, os trabalhadores utilizam a aplicação para reportar suas capturas. Já no Brasil, no estado do Ceará, os pescadores relatam a invasão do peixe-leão. Usada em Baía Formosa, no RN, desde 2021, a tecnologia também chegou, no ano passado, a outras regiões.
Em artigo científico publicado em 2021 na Science Direct, os pesquisadores mostraram que a coleta e a organização de dados são necessárias em muitas áreas do conhecimento, assim como nas administrações públicas e privadas. Em relação ao meio ambiente e à pesca, o grupo entende ser crucial a existência dos dados de monitoramento de longo prazo para compreender se a captura de determinadas espécies é ou não sustentável.
Segundo Eurico Noleto-Filho, é possível ajustar a ferramenta para diversas atividades econômicas, como extrativas, aquáticas ou terrestres. No próprio aplicativo, há uma opção para personalizá-lo. “Nós colocamos uma função que permite ao usuário adaptar o app a todo tipo de coleta de informações sem necessidade de saber a linguagem de programação que foi usada, no caso, a linguagem R. Essa característica e o fato de ele ser grátis, com código aberto, são uma inovação, pois aplicativos similares de coleta de dados são geralmente pagos e com alto custo de manutenção”, explica.
Especificamente para a pesca, continua Eurico, a equipe pretende desenvolver o SSR com o uso de Inteligência Artificial (IA). “Assim, o pescador tira uma foto do pescado, e o aplicativo pode identificar a espécie e determinar o peso e o comprimento do peixe”, afirma.
As informações enviadas são guardadas na nuvem da própria conta do usuário. “Outra vantagem do aplicativo é que ele permite ao pesquisador e aos atores, monitorar em tempo real a entrada de dados, pois estes são enviados para a nuvem de acesso exclusivo dos interessados”, complementa Adriana Rosa Carvalho. Leia no Portal da UFRN.
UFRN recebe patenteamento de processo que traz alternativa à liberação convencional de fármacos
Wilson Galvão – AGIR/UFRN
Fotos: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN
Uso de micro e nanotecnologia, em substituição aos medicamentos de liberação convencional, está se tornando cada vez mais frequente
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) recebeu o patenteamento definitivo de um dispositivo que consegue a liberação direcionada de fármacos em diferentes regiões do trato gastrointestinal. A funcionalidade é alcançada por meio de partículas carreadoras em escala nanométrica e micrométrica capazes de incorporar moléculas terapêuticas de natureza tanto hidrofílicas como hidrofóbicas, ou seja, independente de sua afinidade ou aversão a água. Waldenice de Alencar Morais, docente do Departamento de Farmácia e professora orientadora da pesquisa que deu origem ao depósito em 2015, explica que a nova tecnologia pode ser aplicada à indústria farmacêutica de uso humano ou veterinário, química e de alimentos.
“A invenção refere-se ao método de preparo e produto de sistemas nanoparticulados e microparticulados de quitosana, para liberação modificada de substâncias, as quais podem incluir fármacos, peptídeos, proteínas, DNA/RNA, inseticidas, entre outros. Isso foi possível a partir de sistemas particulados à base de quitosana, sulfato e genipina, sendo biocompatíveis e caracterizados com uma carga de superfície positiva. Assim, apresentam uma maior estabilidade para resistir a condições ácidas de pH, extremamente útil para administração oral de agentes terapêuticos”, detalha.
A carta-patente recebeu o nome: método de preparação e produto de co-reticulação de sistemas particulados de quitosana com sulfato de sódio e genipina aplicada à incorporação de moléculas terapêuticas para fins de liberação modificada, e sua elaboração contou com a participação também de Arnóbio Antônio da Silva Júnior e Gabriela Diniz Fonseca. A pesquisa que deu origem à invenção foi realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas.
Experimentos ocorreram no laboratório de farmacotécnica
Arnóbio Júnior, docente do Departamento de Farmácia, explica que são atrativos do processo tecnológico criado a simplicidade e a versatilidade. Ele pontua que o método de co-reticulação ocorre efetivamente em uma única etapa simultânea e nas mesmas condições de pH ácido não antes possível. “A situação influencia na solubilização da matriz polimérica quitosana, bem como, para a administração e compatibilidade de moléculas terapêuticas nessa faixa de pH. Ademais, esse processo permite obter um sistema particulado em escala nano, ou seja, em tamanhos muito reduzidos, mas não só. Alcançamos isso com um padrão de reticulação polimérico mais uniforme de reticulação iônica e química”, ressalta o pesquisador. Além disso, os sistemas obtidos aplicam-se para moléculas que necessitem ter resistência ao pH ácido, como é caso existente no estômago, e serem liberados de maneira prolongada ou controlada visto o uso de reticulação física e química.
Waldenice acrescenta que o grupo de cientistas conseguiu chegar até esse ponto com o emprego de materiais biocompatíveis de origem natural e de baixa toxicidade, como a quitosana e a genipina (reticulante químico), e o sulfato sódio exercendo função de “substância ligante e precipitante”. A junção dos processos em um mesmo sistema possibilita a característica de liberação modificada dos agentes terapêuticos incorporados. “Desse modo, a liberação torna-se controlada, mantendo a concentração do fármaco constante na faixa terapêutica por um período prolongado, utilizando-se de uma única dosagem. Dessa forma, com o intuito de melhorar tais aspectos, a obtenção de sistemas particulados na escala nano ou micrométrica é largamente utilizada como meio de proteção e controle da liberação”, circunstancia a pesquisadora.
Sobre as pesquisas atuais, destacam experimentos ligados à linha de pesquisa em produtos farmacêuticos, a partir de sistemas em escala micro ou nanométrica a base de produtos naturais, como quitosana, papaína e lecitinas, empregando a nanotecnologia farmacêutica com um impacto social. São exemplos os hidrogéis de quitosana e papaína para tratamento de feridas e nanoemulsões à base de lecitinas para desenvolvimento de larvicidas ou repelentes de origem natural para o combate ao Aedes aegypti, também objetos de pedido de patente.
O patenteamento de uma nova tecnologia é analisado e concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), autarquia federal vinculada ao Ministério da Economia e responsável pelo aperfeiçoamento, disseminação e gestão do sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de propriedade intelectual para a indústria. Segundo o Inpi, receber a carta-patente de um produto significa ter o direito de impedir terceiros de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar, sem o seu consentimento, o produto objeto de patente ou processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado.
“Para nós, o processo permite que o investimento realizado pelo Estado Brasileiro e pelas universidades, sobretudo na formação de Recursos humanos especializados, agregue também tecnologias de propriedade nacional ao mercado. Isso evita, por exemplo, que nós brasileiros tenhamos que pagar um preço mais alto por tecnologias que foram desenvolvidas por pesquisadores brasileiros. Além disso, fomenta todo um ecossistema de geração de protótipos, de novas empresas de base científica e tecnológica, as chamadas ‘startups’. Nessa perspectiva, os nossos pesquisadores certamente estarão mais capacitados para difundir essas tecnologias e melhor interagir com o setor produtivo, munidos de um capital intelectual de alto valor agregado e potencial econômico, como as patentes”, defende Arnóbio.
No âmbito da UFRN, os pesquisadores que queiram patentear uma invenção devem inicialmente realizar a notificação de invenção, por meio do Sigaa, na aba Pesquisa. Em seguida, recebem orientações da equipe da Agência de Inovação (Agir), bem como o suporte administrativo para as etapas subsequentes, como pagamentos. A Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/96) prevê que um invento será protegido por patente se atender aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Em contrapartida ao depósito e consequente concessão, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente, o que contribuirá para o desenvolvimento tecnológico mundial, tornando a patente um importante instrumento na divulgação de informação tecnológica e estimulando novos desenvolvimentos científicos. LEIA NO PORTAL UFRN
Interseccionalidade, acessibilidade e inclusão foi o tema de uma das oficinas ministradas por estudantes do programa Trilhas Potiguares na Escola Estadual Vicente de Fontes, no município José da Penha, Alto Oeste do Rio Grande do Norte, na manhã desta segunda-feira, 31. Crianças do 6º ao 9º ano aprenderam de forma lúdica sobre respeito ao próximo e como se referir a pessoas com deficiência utilizando linguagem anticapacitista. Até o dia 4 de agosto, os trilheiros promovem, neste e em outros 14 municípios, ações voltadas às necessidades locais, colocando em prática os aprendizados adquiridos na universidade.
Atividades culturais, educacionais, de saúde e meio ambiente são desenvolvidas pelos universitários em escolas e no museu de José da Penha. Conduzida pelo discente de Ciências Sociais Deywid Gomes, a oficina Interseccionalidade, acessibilidade e inclusão apresentou personalidades conhecidas nacionalmente, mostrando seus feitos na sociedade e as deficiências físicas com as quais essas pessoas convivem sem as tornarem menos capazes. Para Deywid, a experiência foi uma “semente de troca”, pois as crianças também somavam ao conhecimento citando figuras locais que se enquadram nessa condição.
O Trilhas também agrega movimento cultural ao município. Oficinas de grafite, formação de grupos de teatro e produção de minidocumentário são algumas das atividades realizadas. Para Lourdes Jácome, secretária de Cultura e Turismo da cidade, o Trilhas Potiguares tem contribuído por meio da educação nos quatro anos atuando com os moradores. “Sabemos os bons frutos que o programa deixa no município, e a cada ano adquirimos mais experiências de acordo com a necessidade daqui”, destaca, contando com orgulho a recente apresentação feita pelo grupo de Xaxado no Rio Grande do Sul e como os membros estão empolgados para participar das aulas de teatro.
Visitando todas as cidades com admiração, Ricardo Fonsêca, coordenador da equipe do Trilhas Potiguares no município, reconhece a importância de investir no programa. “Quando fazemos essa visita aos municípios, vemos a extensão universitária acontecendo de forma plena, pois os conceitos aprendidos em sala de aula estão sendo aplicados junto à comunidade e sendo construídos com ela novos conhecimentos”, afirma Ricardo.
Trilhas Potiguares
Iniciado há mais de 25 anos, o Trilhas Potiguares é desenvolvido pela Pró-Reitoria de Extensão da UFRN, com o objetivo de integrar a universidade com a população dos municípios do Rio Grande do Norte com até 15 mil habitantes. A partir das necessidades de cada cidade, são selecionados estudantes para visitar os locais e auxiliar a comunidade por meio de intervenções sociais, educacionais, ambientais e de saúde. Essas ações constituem um projeto de extensão, enquanto o conjunto dos projetos forma o Programa Trilhas Potiguares.
Neste ano, o Trilhas Potiguares selecionou 30 coordenadores e 240 discentes para integrar o programa. Os participantes foram divididos em grupos com alunos de cursos específicos às necessidades de cada cidade contemplada. Os 15 municípios visitados são: Afonso Bezerra, Arez, Boa Saúde, Bom Jesus, Caiçara do Norte, Frutuoso Gomes, José da Penha, Lajes, Passagem, Riacho da Cruz, Senador Georgino Avelino, Senador Elói de Souza, Serra Negra do Norte, Taboleiro Grande e Tenente Laurentino Cruz. Leia no Portal da UFRN.
“É uma honra receber a homenagem e, seguramente, é um reconhecimento ao trabalho que a Universidade nos permite fazer”, afirma a diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Selma Maria Bezerra Jerônimo, que recebeu a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Com o objetivo de premiar personalidades nacionais e estrangeiras que se destacaram pelas contribuições prestadas à ciência e à tecnologia, a cerimônia foi realizada na manhã dessa quarta-feira, 12 de julho, no Palácio do Planalto (Brasília-DF). Leia mais.
O Museu do Seridó (MDS), vinculado ao Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres/UFRN), realiza o quarto encontro da formação Direitos humanos, ética e educação antirracista. Promovido por meio de uma parceria com a Associação Comunitária e Cultural dos Amigos da Irmandade dos Homens Pretos do Rosário de Caicó, o evento acontece nesta terça-feira, 11 de julho, e quarta-feira, 12 de julho, a partir das 18h. Leia mais.
Estudo aponta que atividade física auxilia na proteção do sistema nervoso central
Taís Ramos – Sala de Ciência-Agecom/UFRN
Fotos: Cedidas – Pesquisa
Exercício de dupla-tarefa, uma das atividades da pesquisa
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 1% da população mundial é afetada pelo mal de Parkinson. Essa condição neurológica, descrita pela primeira vez em 1817, compromete o sistema nervoso central devido à degeneração das células produtoras de dopamina. A deficiência na produção desse neurotransmissor pode afetar os movimentos do indivíduo. Estudo realizado por Gilmara Gomes de Assis, no âmbito do Programa de Pós-Graduação de Educação Física (PPGEF/UFRN), sob a orientação do professor Paulo Moreira, analisou o impacto positivo do exercício aeróbico na qualidade de vida de pessoas com Parkinson em estágios avançados.
Os resultados revelam que a prática regular de exercícios físicos traz melhorias significativas no quadro clínico dos pacientes com doença de Parkinson quando comparado a um grupo de controle com características semelhantes, porém sem realizar atividades aeróbicas. Os participantes ativos do estudo experimentaram um aumento na força dos membros superiores, melhorias na estabilidade postural, agilidade dos movimentos, equilíbrio dinâmico, além da recuperação de movimentos voluntários comprometidos pela doença.
O Parkinson, geralmente, manifesta-se entre 50 e 60 anos de idade, embora existam casos raros de início precoce. Os sintomas comuns incluem tremores, movimentos lentos, problemas de fala, rigidez muscular e alterações na escrita. Por mais que não haja cura, os medicamentos podem ajudar a controlar os sintomas. Além disso, pesquisadores estão analisando o papel da atividade física como um complemento ao tratamento, uma vez que pode desencadear reações químicas-metabólicas que resultam em respostas adaptativas nos níveis molecular e celular do sistema nervoso central, auxiliando na melhora de distúrbios neurodegenerativos e na recuperação da funcionalidade dos neurotransmissores.
Voluntários fazem o exercício de caminhar perto da borda sem ajuda
O estudo de Gilmara teve como objetivo avaliar os efeitos da caminhada aquática com dupla-tarefa na função motora de pacientes com doença de Parkinson avançada. 12 pessoas, com idades entre 59 e 73 anos, diagnosticadas com distúrbio dos movimentos corporais e atendidas no Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol/UFRN), foram selecionadas para participar do estudo.
Durante aproximadamente um mês, os participantes realizaram sessões de exercícios, com duração de 40 minutos cada, três vezes por semana. Antes de iniciar as atividades, todos foram submetidos à Escala Unificada de Avaliação para Doenças de Parkinson (UPDRS), uma bateria de exames que avalia o grau de severidade da doença, analisando aspectos como atividade mental, comportamento, humor, atividades de vida diária, execução motora e complicações no tratamento.
A UPDRS foi usada para avaliar a aptidão dos participantes por meio de testes que envolviam o uso dos membros superiores e inferiores, equilíbrio e agilidade. Os exercícios consistiram em três etapas: flexão de cotovelo, em que os pacientes realizavam o maior número de flexões, durante 30 segundos, enquanto estavam sentados em uma cadeira com um halter na mão dominante; sentar e levantar, em que eles se levantavam e sentavam o máximo possível, em 30 segundos, mantendo o corpo ereto e os braços cruzados no ombro; e levantar e caminhar, em que os participantes se levantavam de uma cadeira, caminhavam rapidamente até um cone, a uma distância de 2,44 metros, contornavam-o e retornavam à posição inicial, tudo isso com tempo cronometrado.
Gilmara Gomes explicando sobre o exercício aquático
Os pacientes foram divididos em dois grupos com base na idade, severidade da doença e tempo de diagnóstico. Enquanto um grupo realizava o exercício aeróbico na piscina semiolímpica, o outro funcionava como grupo de controle. As atividades foram divididas em cinco etapas progressivas, começando pela travessia da largura da piscina próxima à borda; avanço para o comprimento da piscina sem ajuda; voltas completas na piscina; caminhada na largura sem ajuda; e, finalmente, atravesso do comprimento sem ajuda e longe da borda.
Ademais, houve uma fase de interferência cognitivo-motora, na qual os participantes realizavam tarefas duplas durante os exercícios aquáticos. Essas tarefas combinavam atividades motoras, como o uso de macarrões e outros acessórios, com demandas de atenção mais intensas. Essa etapa consistiu em doze sessões, com dez minutos de aquecimento, 30 minutos de caminhada na água realizando as tarefas duplas e dez minutos de alongamento, totalizando quinze tarefas duplas por sessão.
O estudo não apenas comprovou a eficácia do exercício aeróbico com dupla-tarefa no controle dos sintomas da doença de Parkinson, proporcionando um aumento nos fatores tróficos que auxiliam no desenvolvimento e conexão dos neurônios, aliviando os sintomas, mas também abriu caminho para novas pesquisas sobre o tema.
Auxiliar, à direita, acompanha voluntário a concluir etapa cognitiva
Esses resultados reforçam a importância do exercício físico, especialmente o aeróbico, como uma abordagem terapêutica complementar para pacientes com Parkinson em estágios avançados. Com mais estudos e aprimoramento das técnicas, podemos encontrar novas formas de melhorar a qualidade de vida e retardar a progressão da doença, oferecendo esperança para milhões de pessoas em todo o mundo que lutam contra o mal de Parkinson. LEIA NO PORTAL UFRN
Levar a arte para todos os povos de todos os lugares. Esse é o principal objetivo do grupo Trapiá Companhia Teatral, que nasceu em 2014, fruto de um projeto de extensão do Centro de Ensino de Superior do Seridó (Ceres/UFRN). Coordenado pelo professor Lourival Andrade, do Departamento de História do Ceres (DHC), o Trapiá é considerado um dos grupos mais importantes do Rio Grande do Norte por já ter mais de dez prêmios, além de indicações em festivais de teatro pelo Brasil. O Trapiá vai apresentar o espetáculo 1877, uma forma de contar ao público as privações vivenciadas pela população sertaneja na década de 1870. Os interessados poderão prestigiar o evento no próximo sábado, 8 de julho, a partir das 19h30, no Teatro Alberto Maranhão, localizado em Natal. Leia mais.
No dia 8 de julho é celebrado o Dia Mundial da Alergia. A data foi criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para promover a conscientização para uma das doenças mais frequentes do mundo. De acordo com o órgão, atualmente, cerca de 300 milhões de pessoas sofrem com asma, 250 milhões apresentam alergia alimentar, 400 milhões sofrem com rinite e 25% da população já desenvolveu alergia a algum fármaco, atingindo indivíduos em todas as faixas etárias, comprometendo de forma significativa a qualidade de vida dessa população. Leia mais.
A UFRN realiza processo seletivo de professores substitutos/temporários do magistério superior e do ensino básico, técnico e tecnológico. O processo seletivo destina-se à formação de cadastro de reserva para vagas surgidas dentro do prazo de validade previsto no edital. Leia mais.
Com o uso da metodologia científica é possível garantir ações do homem na natureza mais assertivas e com maior redução de danos. É isso que acreditam os professores e alunos da disciplina Geologia do Quaternário, do Departamento de Geologia da UFRN. Em busca de respostas acerca da intervenção humana nos processos de erosão e abaixamento do Morro do Careca, o grupo foi à praia de Ponta Negra, no dia 5 de julho, para analisar o espaço durante uma aula de campo. Leia mais.
Laíza Felix – ICe/UFRN
Foto: Sergio Neuenschwander
No último dia 20 de junho, o neurocientista Sergio Neuenschwander, médico de formação e professor do Instituto do Cérebro (ICe/UFRN), integrou a equipe de Osvaldo Vilela Filho, chefe do serviço de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG/Ebserh) e professor da Faculdade de Medicina da UFG, na segunda de uma série de cirurgias de caráter experimental voltadas ao tratamento da epilepsia focal. Essa é a segunda vez que Osvaldo lidera um time de especialistas na realização do procedimento, único no mundo a abordar um núcleo específico do tálamo ligado à visão, o geniculado lateral, objeto de estudo do professor da UFRN há 30 anos. Leia mais.
Dados do Censo 2022, divulgados na quarta-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que o Nordeste foi a região que teve o menor crescimento populacional do país, de apenas 0,24%. O demógrafo Wilson Fusco, docente do Programa de Pós-Graduação em Demografia (PPGDem/UFRN), explica que esse fenômeno se deve, principalmente, à migração de pessoas para outras regiões do Brasil. O professor reforça que se a taxa de fecundidade não se estabilizar nos próximos anos, o país seguirá em tendência de queda no ritmo de crescimento com ponto crítico já em 2035. Leia mais.
Jerusa Vieira – Extensão.com-Agecom/UFRN
Foto: Márcio L. Castro
Conhecer a história do lugar de onde viemos é saber mais sobre quem somos. Com o objetivo de costurar vestígios do passado e estender o manto de conhecimento de forma acessível para todas as pessoas, nasce, em 2021, o projeto de extensão Aventuras científicas ilustradas: popularizando a ciência potiguar. Composto por uma equipe engajada, interessada pela cultura histórica e divulgação científica, a proposta visa criar um livro ilustrado com as expedições científicas e artigos publicados na revista Arquivos do Instituto de Antropologia do Museu Câmara Cascudo (MCC). A ideia é usar a publicação de forma pedagógica com uma linguagem simples e atrativa.
A revista Arquivos do Instituto de Antropologia aborda a trajetória do antigo Instituto de Antropologia (IA), primeiro centro de pesquisa da UFRN, atualmente denominado Museu Câmara Cascudo. A revista também traz artigos científicos das descobertas realizadas, inclusive sobre a primeira expedição feita pelos exploradores do IA. Essa pesquisa aconteceu por conta de uma lenda do município de São Tomé, localizado na microrregião da Borborema, no Rio Grande do Norte. Segundo contam os locais, o último grupo indígena Cariri foi massacrado por uma tropa volante e seus corpos, jogados na fenda de uma rocha que passou a ser chamada Pedra dos Ossos.
Essa história chamou a atenção de quatro pesquisadores potiguares do IA em 1960. Impelidos pelo desejo de desvendar o mistério para confirmar (ou não) a lenda, aventuraram-se nessa jornada. As descobertas foram documentadas na revista e recentemente voltou a despertar a curiosidade de atuais pesquisadores do Museu e dos popularizadores científicos.
A proposta de contar sobre os estudos do antigo Instituto de Antropologia com uma linguagem menos acadêmica e simplificada foi de Glauco Albuquerque, estudante de biologia e bolsista de divulgação científica do MCC. Desde criança, o jovem debruçava-se na leitura dos fascículos da coleção Dinossauros, o que lhe serviu de inspiração. A ideia começou a ganhar forma em 2021 com o projeto Aventuras em Quadrinhos, hoje inativo, mas que deu início a ilustrações sobre as ações realizadas em São Tomé e inspirou a continuidade de outros projetos de extensão na UFRN, como o ativo Aventuras Científicas Ilustradas.
O roteiro estreante aborda a primeira expedição e já foi escrito, o segundo fala de uma pesquisa realizada em Mossoró numa caverna na região de Baraúna e está em andamento. Para isso, Glauco, roteirista do projeto, e sua coordenadora-adjunta, Jacqueline Souza, pesquisaram profundamente em matérias de jornais, nos arquivos do MCC e nos relatórios das pesquisas e encontraram expedições que chamaram de “emocionantes”.
“As expedições que eles (os pesquisadores do IA) fizeram eram cheias de aventuras e emoções, então pensei: ‘vamos contar essa história da forma como ela merece e como aconteceu’. Eles se embrenharam no meio da caatinga, subiram serra, entraram em cavernas, passando por perrengues grandes no meio do nada, acampando com gerador de energia, no meio da escuridão total da noite, enfim, explorando um Rio Grande do Norte que ainda não havia sido explorado, pois eles foram pioneiros”, destaca Glauco.
Jacqueline enxerga a importância de se dedicar a projetos como esse para que as descobertas cheguem de modo compreensível até a comunidade, pois a coordenadora entende a necessidade de se quebrar algumas barreiras que distanciam as pessoas da ciência. Alguns motivos desse distanciamento são a linguagem rebuscada e o desconhecimento das pesquisas que ainda acontecem no Museu.
“O Museu tem que se comunicar de outras formas, não só as pessoas indo fisicamente ao espaço. Essas ações vêm pensando nisso também, em fortalecer a história do Museu. O interessante é que, nacionalmente e até internacionalmente, as pessoas conhecem o Museu, mas a nossa população não conhece. A gente tem um acervo muito rico, que continua gerando conhecimento e as pessoas não sabem, acham que está tudo ali guardado, mas ele é fonte de pesquisas e novas descobertas”, diz a coordenadora, enfatizando que o livro ilustrado não é somente para crianças e acadêmicos, mas para um público variado com interesse em aventuras, quadrinhos e também na história da ciência e dos museus.
Para imergir a equipe na lenda de São Tomé, em 2022, quando a primeira expedição científica no estado completou 60 anos, todos foram conhecer pessoalmente a Pedra dos Ossos, refazer o caminho dos pesquisadores e ter contato com os locais. No município, também realizaram ações educativas na Escola Estadual Amaro Cavalcanti com o corpo docente, alunos e outros moradores. Oficinas de quadrinhos, palestras e debates contaram sobre a lenda e as pesquisas realizadas com os materiais encontrados, além de serem realizadas entrevistas com a população local, que agregou conhecimento sobre o passado de São Tomé.
De acordo com a pedagoga do projeto, Cristiana Medeiros, responsável por comunicar acerca da expedição de forma pedagógica, todo museu de ciências tem como função social a divulgação científica. “É importante mostrar uma memória social para aquela população e trazer a divulgação da ciência de pesquisadores norte-rio-grandenses para entender de onde a gente veio, qual a nossa formação, quem existia ali antes de os portugueses chegarem. E (contar) dos nossos povos originários, que, muitas vezes, são esquecidos, para entender um pouco da nossa identidade, história, memória, além de trazer a ideia de pertencimento social”, destaca Cristiana.
Atualmente, o projeto do livro ilustrado está na fase de encontrar ilustrador e diagramador, mas continua realizando ações educativas com crianças, pessoas com deficiência e com a população de municípios mais distantes do estado para apresentar o Museu, permitir que esse público tenha contato com as descobertas realizadas no Rio Grande do Norte e compreendam mais sobre o local em que nasceu por meio da linguagem simples e atrativa. Leia no Portal da UFRN.
A pesquisa mostra que, apesar de o SUS ser pautado na universalidade e equidade, ainda existem profundas desigualdades para diversos grupos
Naomi Lamarck – Sala de Ciência-Agecom/UFRN
Fotos: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN
As estruturas sociais estão constantemente passando por processos de transformação, como um quebra-cabeça em que as peças se movem e mudam de forma para que todas se encaixem. Na prática, no entanto, não são todos os indivíduos que conseguem caber no molde desse quebra-cabeça. A experiência de observar o avanço de políticas públicas e de direitos básicos, mas não se ver como parte desse processo, é uma realidade de muitas pessoas trans e travestis, que, em muitos aspectos, ainda vivem à margem da sociedade, principalmente no acesso a componentes fundamentais, como os espaços e serviços de saúde.
Excludente, fragmentada, centrada no cuidado especializado e pautada por ações curativas. Assim é caracterizada, pelo pesquisador Rafael Tomaz de Lima em sua pesquisa de doutorado em saúde coletiva pela UFRN, a atenção à saúde para as pessoas travestis e transexuais no sistema de saúde brasileiro. O estudo, intitulado Atenção à Saúde Para Travestis e Transexuais no Sistema Único de Saúde, revela que, apesar de o SUS ser pautado na universalidade e equidade, ainda existem profundas desigualdades para diversos grupos, incluindo o público contemplado pelo estudo.
A pesquisa aponta que pessoas travestis e transexuais são recebidas, hoje, de forma similar aos modelos de cuidado que antecederam o SUS, criado em 1990. Rafael ressalta que, quando se fala em cuidado à essa população, é comum que sejam pautados apenas os ambulatórios especializados, mas que é fundamental debater também o acolhimento em unidades básicas de saúde e outros serviços públicos de atenção básica. Os resultados evidenciam que o problema vai desde a ausência de políticas públicas até o despreparo dos profissionais responsáveis por esse acolhimento.
“Pessoas travestis e transexuais também precisam ser atendidas e respeitadas quando vão procurar uma vacinação, uma consulta com ginecologista, uma consulta com médico geral. É importante que, quando essas pessoas adentram os serviços de saúde, não sejam vistas como pessoas estranhas. É preciso rever o modo como as políticas estão sendo construídas e conduzidas, mas também rever o modo como os profissionais estão sendo formados e educados para que essa atenção esteja à luz dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, que seja igual para todas as pessoas”, reforça Rafael Lima.
Centro de Cidadania LGBT de Natal atua nas áreas psicossocial, sociojurídica, de saúde, informação e qualificação profissional
Ainda assim, segundo Rafael Lima, o acesso e a inclusão nesses espaços não é um desafio apenas para a saúde, nem é isolado de outras questões enfrentadas por pessoas transexuais e travestis. É preciso, além de garantir assistência médica, proporcionar oportunidades de acesso à educação, ao emprego, à moradia e à alimentação, entre outros. “Essa ação não deve partir somente das pessoas transgêneras, mas de todos aqueles que acreditam na potencialidade do SUS e em uma sociedade mais equânime e democrática”, pontua o pesquisador em sua tese.
A forma como a realidade socioeconômica, a moradia e o trabalho se somam às dificuldades de acesso à saúde foi percebida de perto por Aisha Lemos, trancista de 24 anos, que foi expulsa de casa pouco antes de se entender enquanto travesti. Naquele momento de sua vida, suas preocupações passaram a ser outras e o cuidado da saúde precisou ser deixado em segundo plano. “Eu precisava priorizar o que eu ia comer em vez de ir ao médico. Muitas vezes eu queria poder me cuidar, mas não tinha como, não tinha tempo, não tinha condições”, conta.
Hoje, quando precisa de assistência em saúde, Aisha busca o Centro de Cidadania LGBT de Natal, que atua na promoção do acesso de pessoas LGBT, com atendimentos nas áreas psicossocial, sociojurídica, de saúde, informação e qualificação profissional. Lá, recebe orientações e direcionamentos, sendo, quando necessário, encaminhada à serviços de atenção básica.
“Quando preciso ir a alguma unidade básica de saúde ou hospital, sempre vou acompanhada. O medo de acontecer alguma coisa me impede de conseguir chegar nesses locais, então eu não consigo ir sozinha. Combater esse medo é um desgaste muito grande”, ressalta.
Ambulatório Municipal Transexual e Travesti de Natal recebe demandas da saúde integral de pessoas trans e travestis – Foto: Joana Lima – Secom/Natal
Para o fotógrafo Céu Rodrigues, 24, que se identifica como transmasculino, o sistema de saúde segue uma tendência, assim como várias outras áreas da sociedade, de não ser pensado para pessoas trans. “Sou uma pessoa transmasculina que não faz uso de hormônios e, pra ser sincero, evito ao máximo ir a hospitais. Nem sempre há opção de usar nome social, quando há algo para a equipe de atendimento preencher sempre sou assinalado como feminino e tratado como tal, sem nem ao menos me perguntarem”, conta.
O despreparo e falta de acolhimento são, para Céu, barreiras não apenas individuais, mas que afetam toda a população trans. Este é um aspecto também ressaltado pelo estudo de Rafael Lima, que destaca a falta de qualificação adequada de profissionais de saúde para acolher e cuidar de pessoas trans e o desconhecimento das subjetividades, das necessidades e das demandas de saúde dessas pessoas.
“Programas públicos destinados à saúde de pessoas trans, apesar de raros, já nos ajudam bastante, pois nesse caso a equipe é preparada para nos receber, porém seria incrível que isso acontecesse nesse sistema como um todo, para que cuidar da nossa saúde não tenha que ser sempre um grande ato de coragem”, completa Céu Rodrigues.
Para Aisha Lemos, o distanciamento da realidade e da vivência da população trans e travesti desempenha um grande papel nesse processo excludente. “Não tem como acolher um corpo quando não se há qualquer tipo de proximidade com esse corpo. É preciso ter um trabalho de base com quem atua nesses espaços, uma mudança estrutural. Não é um projeto, é uma atitude, apenas uma peça que precisa ser mudada. Isso vai acontecendo mostrando que essas pessoas existem, e mostrando na prática, colocando elas ao seu lado e as ouvindo. É ter a humanidade que simplesmente se perdeu”, pontua Aisha.
Acolhimento
Por compreender as barreiras existentes no acesso de pessoas trans e travestis aos serviços de saúde, o Ambulatório Municipal Transexual e Travesti de Natal recebe demandas da saúde integral desse público. Segundo a coordenadora do ambulatório, Cléa dos Santos, a estimativa é de 150 a 200 atendimentos mensais, incluindo consultas médicas, acolhimento psicológico e serviços de enfermagem, que contemplam cerca de 400 usuários.
Aisha, Céu e Joane ainda têm dificuldade de acesso à saúde fora de espaços especializados
Uma dessas pessoas é a ilustradora Joane Marie Cadó, 20, que começou a entender sua identidade de gênero há alguns anos, mas, devido à pandemia, precisou interromper sua busca por atendimento. Agora, volta a buscar o acompanhamento no ambulatório municipal.
“A minha volta nesse processo tem sido em um ambiente que me transformou muito de ontem pra hoje. Eu tenho uma certa turbulência em relação à minha identidade, mas, aqui, me senti bem e não me senti diferente em relação às outras pessoas. Eu posso me expressar mais, me sentir mais leve aqui”, diz.
Durante esse processo, Joane anda lado a lado com seu pai, Emanoel Cadó, que a acompanha em todas as etapas, entendendo o suporte familiar como um importante componente na busca pela garantia da saúde, dos direitos e da garantia de espaços para pessoas trans e travestis.
“Não é um processo simples, precisa ter acompanhamento. Nosso papel, de família, é o de apoiar em todos os momentos, de não fazer ela se sentir só. Então, cada passo que ela dá é um passo nosso, um passo que a família dá. Nem todo mundo tem esse suporte material, esse suporte da família, então essas iniciativas públicas são muito bem vindas, porque sem isso, é muito difícil caminhar”, reforça Emanuel Cadó. LEIA NO PORTAL UFRN
Projeto leva conhecimentos de astronomia e astronáutica para escolas públicas
Kayllani Lima Silva – Cometa Nordestino-ECT/UFRN
Fotos: Cometa Nordestino
Primeira missão em Natal será realizada nesta sexta-feira, 16 – Foto: Elaine Oliveira
Enxergar-se um potencial cientista ainda não é comum entre alunos da educação básica brasileira, seja pela falta de compreensão sobre a ciência ou acesso a novas metodologias que incentivem o processo de ensino-aprendizagem. É dentro dessa realidade que o Cometa Nordestino surge, com o propósito de incentivar a vocação científica por meio da popularização da astronomia e da astronáutica. Com foco especialmente nas escolas da rede pública, o projeto de extensão foi criado neste ano e reúne polos em três instituições: a Escola de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ECT/UFRN), a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e o campus Vitória da Conquista do Instituto Federal da Bahia (IFBA). Por ora, já foram realizadas pelo menos 10 ações em cidades baianas, enquanto em Natal a primeira missão será realizada nesta sexta-feira, 16 de junho, com toda a equipe.
O projeto soma 13 docentes e 13 estudantes atuando em Natal (RN), Feira de Santana (BA) e Vitória da Conquista (BA) e tem a expectativa de atender pelo menos 15 cidades ao redor dos três polos em 2023. O professor Leonardo Almeida, coordenador do Cometa na ECT/UFRN, aponta que o Brasil ainda está entre os países com menores resultados quando o assunto é aprendizagem em ciência. Segundo mostrou o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) de 2018, 55% dos estudantes brasileiros com 15 anos de idade não possuíam nível básico na disciplina.
Equipe do polo Natal do Cometa Nordestino
Em comparação aos países da América do Sul, o Brasil está em último lugar na proficiência em Ciências, com 404 pontos, empatando com Argentina e Peru. Já em relação aos membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país apresenta três anos de atraso na escolarização. Aliado a isso, apenas 15% dos jovens brasileiros demonstram interesse por profissões relacionadas às ciências e tecnologia. Quando ingressam em graduações na área, revelam “uma defasagem significativa” nos conteúdos de ciência e matemática, aponta o docente.
Para mudar esse cenário de forma inclusiva, o professor Leonardo defende que as ações de difusão e popularização de astronomia e astronáutica são essenciais. “A relevância para a comunidade da UFRN vai desde o engajamento e capacitação dos nossos estudantes extensionistas em diversas áreas ligadas à astronomia e à astronáutica (por exemplo, eletrônica aplicada, computação, modelagem gráfica, física, matemática etc.), como também oportunizar a convivência com a realidade social e prática profissional”, complementa.
Professor Marildo Pereira durante ação em Feira de Santana
O professor Marildo Pereira, coordenador do Cometa Nordestino em Feira de Santana, partilha de uma visão semelhante e adverte que o ensino da ciência encara uma carência de novas tecnologias e contextualização. A iniciativa, dessa forma, abre caminhos tanto para o aprendizado dos estudantes quanto para a formação continuada dos professores. Isso porque, ao mesmo tempo em que as oficinas buscam engajar os alunos, os docentes atualizam conhecimentos ligados à astronomia e à astronáutica.
Para a UFRN, por sua vez, a extensão contribui para a formação dos colaboradores e aproxima a academia das comunidades externas. “A função da extensão é sair dos muros da Universidade e mostrar o que produzimos dentro dela. É isso que esperamos que os projetos de extensão façam”, enfatiza o docente. Somado a isso, ele defende ser fundamental criar vínculos com os professores das escolas, com o objetivo de que eles se tornem parceiros e incentivem a realização de novas ações junto ao corpo estudantil.
No polo Feira de Santana, seis missões já foram realizadas em escolas públicas e institutos federais, mas o histórico da UEFS na popularização de astronomia e astronáutica contempla resultados para além do Cometa Nordestino. O Projeto Planetário Itinerante do Observatório Astronômico Antares, por exemplo, acontece desde 2007 e pretende atender 22 cidades da Bahia apenas neste ano. “Em 2003, passamos a ter os grandes projetos, mas desde 2001 trabalhamos com planetário, divulgação de ciência e visitas às escolas”, esclarece Marildo Pereira.
Vestida de amarelo, professora Selma, coordenadora da Equipe do IFBA – Vitória da Conquista, durante a Jornada de Astronomia
Realidade semelhante é observada no IFBA de Vitória da Conquista, responsável por promover a Jornada de Astronomia há mais de 15 anos, além de observações do céu e sessões no planetário itinerante. A professora Selma Vieira, coordenadora do Cometa Nordestino na instituição, pontua o papel decisivo da iniciativa para a interiorização da ciência. “Essa divulgação e essa popularização da ciência – porque a gente termina falando não apenas de astronomia – é uma motivação e uma oportunidade que os alunos têm, principalmente os de cidades pequenas e da zona rural. Eles estão muito distantes”, complementa.
É esse desejo, retratado em casos ainda isolados, que o Cometa Nordestino pretende expandir. “Nas nossas ações, esperamos que ao estimular a abstração, a curiosidade científica, a crítica por meio de indagações científicas, as práticas da observação e da experimentação, possamos despertar o espírito científico e tecnológico nos estudantes e na população em geral, ampliando e valorizando o ensino de ciências e a busca pelas carreiras científicas e tecnológicas”, destaca o coordenador da UFRN, para quem o projeto é fundamental na busca por soluções aos problemas enfrentados pelas escolas de ensino básico.
Extensão no desenvolvimento estudantil
Se por um lado o Cometa Nordestino possibilita impactos positivos para a comunidade, por outro auxilia na formação dos estudantes colaboradores. A natalense Poliana Araújo, de 21 anos, estuda Ciência e Tecnologia na UFRN e encontrou no Cometa Nordestino a chance de cultivar um interesse da infância e desenvolver novas habilidades. Embora hoje tenha como propósito ingressar na Engenharia da Computação, quando criança era a astronomia e a astronáutica que despertavam sua curiosidade. “Eu pensei que poderia ser uma oportunidade de reviver esse interesse e quem sabe gostar da área de novo. Conseguir juntar computação com astronomia”, relata a estudante.
Vestidas com camisas amarelo e bege, respectivamente, as bolsistas do Cometa Nordestino Poliana Araújo e Júlia Alanne com as demais integrantes da equipe – Foto: Elaine Oliveira
Para ela, participar do cotidiano do projeto também é uma chance de aprender a trabalhar em equipe. Ao lado dos demais bolsistas e voluntários, adquire conhecimentos sobre os experimentos e oficinas de forma prática, ao mesmo tempo que assimila a teoria que será repassada nas escolas. Em sua primeira experiência na extensão, já demonstra compreender a importância desse diálogo e lança expectativas positivas. “Uma perspectiva que eu tenho é conseguir passar conhecimento para as pessoas. É uma coisa que eu quero aprender”, diz.
O desejo de popularizar conhecimentos também move a potiguar Júlia Alanne, de 23 anos, que estuda Engenharia da Computação na UFRN. Apesar do interesse na área de astronomia e astronáutica acompanhá-la há tempos, foi no Cometa Nordestino que passou a buscar mais aprendizados em ambas ciências. Nas preparações da primeira missão, ela aguarda ansiosamente a chegada do projeto de extensão em escolas do RN. “Minhas expectativas para as ações são altíssimas, não vejo a hora de levarmos as oficinas e experimentos que foram desenvolvidas pela equipe para as escolas ”, conta.
Wander Oliveira durante ação com estudantes em Feira de Santana
Para o baiano Wander Oliveira, bolsista do Cometa Nordestino na UEFS e atuante na extensão desde 2018, transmitir conhecimentos e prender a atenção dos estudantes por meio das ações do projeto é gratificante. “Quando a galera está prestando atenção, a gente pode levar a frente o funcionamento das coisas, com eles se divertindo ao ver os experimentos, aquela coisa mágica. É muito gostoso ao longo de todo esse período estar fazendo a criançada se interessar por ciência. Eu acho que a coisa que mais me deixa grato e mais me diverte é o fato de fazer os estudantes se interessarem por ciência”, fala com entusiasmo.
Quem também soma uma bagagem significativa na extensão é Wesley Santos, de 24 anos, bolsista do polo Feira de Santana. Com mais de dois anos atuando junto à comunidade e agora no Cometa Nordestino, ele destaca a relevância do projeto para inspirar o público a acreditar na ciência por meio da compreensão dos seus fenômenos. Na formação pessoal, especialmente, não deixa de reconhecer o quanto cresceu trabalhando fora do espaço acadêmico. “Quando ingressei na extensão, nos meus primeiros anos, eu era extremamente introvertido e tinha dificuldade de falar com o público. À medida que comecei a participar da extensão, consegui mudar a forma como falo e ser mais sociável”, revela. LEIA NO PORTAL UFRN
O Departamento de Fisiologia e Comportamento (DFS), vinculado ao Centro de Biociências (CB/UFRN), realizou oficinas sobre fauna silvestre e fauna doméstica na quarta-feira, 7 de junho, no município de Caaporã, estado da Paraíba. O objetivo da ação foi despertar o olhar de adultos e de crianças para a fauna, diferenciando fauna silvestre de fauna doméstica, o comportamento desses animais, o que eles comem, como se reproduzem, onde vivem e os cuidados diferenciados conferidos a ambas. O evento foi realizado no auditório da Destilaria TABU e no pátio da Escola Municipal Enéas Possidônio. Estes dois espaços estão localizados no município rural, em um fragmento de mata atlântica onde a equipe do DFS realiza pesquisas. Leia mais.
Jussara Felix – Projeto Caravana Cultural
Foto: Jussara Felix
A equipe do projeto Caravana Espacial viajou de Natal ao estado do Maranhão para cumprir três missões em diferentes cidades da região metropolitana de São Luís. O trajeto de aproximadamente 1.500 km realizado no ônibus da UFRN levou pouco mais de um dia para ser completado.
Com o apoio incondicional da UFRN e o espírito desbravador em mente, a Instituição se faz presente no estado do Maranhão em projetos de extensão como o Caravana Espacial, que, com certeza, trará bons frutos num futuro próximo e contribuirá para que o Nordeste brasileiro se torne um dos principais celeiros de capital humano para o setor aeroespacial.
O projeto de extensão Caravana Espacial: o interior encontrando espaço é coordenado pela UFRN, por meio do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Aeroespacial (PPGEA) da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT), e tem como colaboradores os membros da Rede Nordeste Aeroespacial (UEMA+UFMA+UFPE+UFRN), os Centros Brasileiros de Lançamento de Foguetes (CLA e CLBI), o Centro Vocacional Tecnológico Espacial (CTV-Espacial, AEB) e o Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN).
Fruto da união de esforços entre diversas Instituições de Ensino Superior do Nordeste, o principal objetivo do projeto é a realização de exposições itinerantes destinadas à divulgação científica em temas de ciência e tecnologia aeroespaciais, principalmente em municípios da região Nordeste brasileira carentes de museus e laboratórios. A ação busca contribuir para a conscientização e a alfabetização científica de jovens estudantes e do público em geral em temas ligados a Exploração Espacial, Astronáutica e Astronomia.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), missões espaciais são tarefas para as quais um sistema espacial é designado, também conhecidas como projeto ou sistema. Executadas daqui mesmo, do planeta Terra, as missões da Caravana Espacial também são um conjunto de tarefas que envolvem todo um sistema de pessoas, equipamentos e recursos para tornar o conhecimento científico aeroespacial acessível e mais atraente para os jovens da região Nordeste.
Cursando o ensino médio no Colégio Universitário da Universidade Federal do Maranhão (Colun-UFMA), Maria Eduarda acredita que “a caravana promoveu uma espécie de democratização de conteúdos que parecem distantes da realidade dos alunos, mas que, por meio das práticas e da forma como os professores explicaram, demonstra como a física e a aeronáutica estão no nosso cotidiano em todo lugar e em coisas que nós não percebemos”.
Eduarda faz parte do grupo de estudantes do ensino médio que assistiu às palestras, junto com a recém-criada turma da graduação em Engenharia Aeroespacial, no auditório do campus central da UFMA. A Missão São Luís – Polo MA buscou estreitar a parceria entre o projeto da UFRN com a Rede Nordeste Aeroespacial (RNA), da qual fazem parte a Universidade Federal (UFMA) e a Estadual do Maranhão (UEMA).
Com pouco mais de quatro anos de existência, a RNA é uma rede de instituições composta pela UEMA, a UFMA, a UFPE e a UFRN que tem como objetivo fomentar o desenvolvimento aeroespacial na região Nordeste, onde estão situados os dois centros de lançamento de foguetes do Brasil. “O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, é uma das bases mais bem localizadas geograficamente do mundo por estar a dois graus da linha do Equador, o que favorece a economia de combustível de foguetes”, esclarece o professor José Henrique Fernandez, coordenador do projeto e membro da RNA.
Uma das ações realizadas pela RNA é a ampliação da oferta de cursos de engenharia aeroespacial nas instituições participantes, seja no nível de graduação ou pós-graduação. Guilherme Coelho é um dos beneficiados com a criação do curso de graduação e mestrado na UFMA, uma das poucas do país que oferece as duas formações.
No início deste ano, o bacharel em Ciência e Tecnologia começou o mestrado em Engenharia Aeroespacial e concluiu a graduação no mesmo curso. O interesse pela área parecia um sonho distante para o jovem, que pretendia ser astrofísico quando criança, mas escolheu engenharia civil pela carência do curso no estado, porém, assim que surgiu a graduação na Universidade Federal, não pensou duas vezes em trocar de especialidade para seguir o sonho de trabalhar no setor aeroespacial.
“É um privilégio morar próximo ao CLA. Isso possibilita várias portas abertas para os estudantes. Devido às parcerias com a Agência Espacial Brasileira e o Centro de Lançamento de Alcântara, os estudantes do mestrado podem estagiar dentro do centro e isso faz com que eles criem novas perspectivas sobre como funciona o setor aeroespacial”, explica.
Se, para o Guilherme, cursar Engenharia Aeroespacial era um sonho distante, para a Luciana Ferreira, que estuda na terceira série do ensino médio no Centro Educa Mais Professor Aquiles Batista Vieira, este sonho já não é mais tão distante. A menina de 17 anos herdou a paixão pela aviação do avô pescador, que era um grande admirador de Santos Dumont.
Contudo, Luciana também nutre o desejo de conhecer a Lua e outros planetas e, quem sabe, ser astronauta ou astrofísica futuramente. Por enquanto, a jovem, que mora no município de Alcântara, pretende ser engenheira aeroespacial. Ela conheceu a Caravana pela internet e acredita que a ida da equipe ao município “pode inspirar outras pessoas a procurar um futuro melhor e algum dia, aqui em Alcântara, alguém [daqui] pode lançar um foguete. Eu achei tudo muito legal”.
Encontrar estudantes que já sabem a carreira que querem seguir com tanta certeza não é tão fácil quanto deveria ser. O diretor do Centro de Ensino Sete de Setembro, Antônio Tinoco, conta que em comunidades carentes como a que a escola está inserida, no município de São José de Ribamar, a maioria dos alunos quer apenas terminar o ensino médio e trabalhar para ter uma renda. “A gente tenta repassar o que é uma graduação, um curso técnico, pós-graduação, doutorado… eu passo isso em sala, comento sobre a questão do salário para tentar mudar essa realidade”, ressalta.
Com a ida da Caravana à escola, o diretor acredita que a experiência será uma boa referência para os alunos: “todo mundo conhece que existe a base aqui em Alcântara, só que não conhece a questão do curso que precisa ser feito para entrar no mercado de trabalho”. Dessa forma, as palestras, oficinas e minicursos ajudam os alunos a descobrirem que há diversas oportunidades bem próximas deles. “Isso aqui é um incentivo, será um exemplo”, acrescenta.
O roteiro de missões pelo Nordeste está só começando. Essa foi a primeira vez que a equipe ultrapassou os limites do estado do Rio Grande do Norte, mas outros três estados da região ainda receberão a Caravana até o fim de 2024. As exposições itinerantes realizadas pelo projeto, que almeja atender um total de 30 cidades, são financiadas pelo CNPq, por meio de um edital para disseminação científica nas áreas de astronáutica e astronomia a fim de promover a sua interiorização e popularização. Leia no Portal da UFRN.
Saúde é direito de todo cidadão, assim os cuidados devem começar o mais precocemente possível. Por isso, ainda quando recém-nascido, o teste do pezinho, garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é obrigatório em todo território nacional. Neste mês de conscientização, e, mais especificamente, no Dia Nacional do Teste do Pezinho, celebrado em 6 de junho, hospitais universitários da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), alertam quanto à importância da realização deste exame capaz de rastrear 14 grupos de doenças metabólicas, bioquímicas, genéticas, endócrinas, raras e infecciosas. Leia mais.