Série 15575 de 02/2013: os critérios de desempenho aplicáveis às edificações habitacionais
A NBR 15575-1 de 02/2013 – Edificações habitacionais — Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais estabelece os requisitos e critérios de desempenho aplicáveis às edificações habitacionais, como um todo integrado, bem como a serem avaliados de forma isolada para um ou mais sistemas específicos. não se aplica a: obras já concluídas, obras em andamento na data da entrada em vigor desta norma, projetos protocolados nos órgãos competentes até a data da entrada em vigor desta norma, obras de reformas, retrofit de edifícios, edificações provisórias. Esta parte é utilizada como um procedimento de avaliação do desempenho de sistemas construtivos. Os requisitos estabelecidos nesta parte (Seções 4 a 17) são complementados pelos requisitos estabelecidos nas NBR 15575-1 a NBR 15575-6.
Os sistemas elétricos das edificações habitacionais fazem parte de um conjunto mais amplo de normas com base na NBR 5410 e, portanto, os requisitos de desempenho para esses sistemas não são estabelecidos nesta parte da NBR 15575. Esta parte estabelece critérios relativos ao desempenho térmico, acústico, lumínico e de segurança ao fogo, que devem ser atendidos individual e isoladamente pela própria natureza conflitante dos critérios de medições, por exemplo, desempenho acústico (janela fechada) versus desempenho de ventilação (janela aberta). Requisitos aplicáveis somente para edificações de até cinco pavimentos são especificados em suas respectivas seções.
A NBR 15575-2 de 02/2013 – Edificações habitacionais — Desempenho – Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais estabelece os requisitos e critérios de desempenho que se aplicam somente ao sistema estrutural da edificação habitacional. A NBR 15575-3 de 02/2013 – Edificações habitacionais — Desempenho – Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisosestabelece os requisitos e critérios de desempenho que aplicam-se ao sistema de pisos da edificação habitacional. A NBR 15575-4 de 02/2013 – Edificações habitacionais — Desempenho – Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas — SVVIE estabelece os requisitos, os critérios e os métodos para a avaliação do desempenho de sistemas de vedações verticais internas e externas (SVVIE) de edificações habitacionais ou de seus elementos.
A NBR 15575-5 de 02/2013 – Edificações habitacionais — Desempenho – Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas estabelece os requisitos e critérios de desempenho requeridos para os sistemas de coberturas para edificações habitacionais. A NBR 15575-6 de 02/2013 – Edificações habitacionais — Desempenho – Parte 6: Requisitos para os sistemas hidrossanitários estabelece os requisitos e critérios de desempenho que aplicam-se ao sistema hidrossanitário da edificação habitacional.
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Quais os métodos de medição de propriedades térmicas de materiais e elementos construtivos?
Quais os níveis de iluminância geral para iluminação natural?
Quais os níveis de iluminamento geral para iluminação artificial?
Quais os parâmetros de qualidade de água para usos restritivos não potáveis?
Como fazer a avaliação do desempenho térmico de edificações por meio de medição?
Quais são os deslocamentos-limites para cargas permanentes e cargas acidentais em geral?
Quais são os critérios e níveis de desempenho para impacto de corpo duro em pisos?
Como deve ser realizado o ensaio de impacto de corpo mole?
Quais são os critérios e níveis de desempenho para impacto de corpo duro em sistemas de pisos?
Qual é o critério dos registros corta-fogo nas tubulações de ventilação?
Quais são os parâmetros acústicos de avaliação?
Como deve ser feito o ensaio de impacto de corpo duro?
Quais os efeitos dos impactos de corpo duro para vedações verticais externas (fachadas)?
Qual a área mínima de ventilação em dormitórios e salas de estar?
Como pode ser feita a classificação dos materiais tendo como base o método NBR 9442?
Quais são os critérios de coberturas quanto à transmitância térmica – M?
Como executar a verificação da resistência ao impacto em telhados?
Como realizar a verificação da resistência de suporte das garras de fixação ou de apoio?
Como executar a verificação da estabilidade da cor de telhas e outros componentes das coberturas?
Qual deve ser a resistência mecânica dos sistemas hidrossanitários e das instalações?
Quais são as condições especificadas para aplicação dos corpos mole e duro?
Como pode ser feita uma lista de verificações para os projetos?
As normas de desempenho são estabelecidas buscando atender aos requisitos dos usuários, que, no caso destas normas, referem-se aos sistemas que compõem as edificações habitacionais, independentemente dos seus materiais constituintes e do sistema construtivo utilizado. O foco está nos requisitos dos usuários para o edifício habitacional e seus sistemas, quanto ao seu comportamento em uso e não na prescrição de como os sistemas são construídos.
A forma de estabelecimento do desempenho é comum e internacionalmente pensada por meio da definição de requisitos (qualitativos), critérios (quantitativos ou premissas) e métodos de avaliação, os quais permitem a mensuração clara do seu atendimento. As normas prescritivas estabelecem requisitos com base no uso consagrado de produtos ou procedimentos, buscando o atendimento aos requisitos dos usuários de forma indireta.
Por sua vez, as normas de desempenho traduzem os requisitos dos usuários em requisitos e critérios, e são consideradas complementares às normas prescritivas, sem substituí-las. A utilização simultânea delas visa atender aos requisitos do usuário com soluções tecnicamente adequadas.
No caso de conflito ou diferença de critérios ou métodos entre as normas requeridas e esta norma, deve-se atender aos critérios mais exigentes. A abordagem explora conceitos que muitas vezes não são considerados em normas prescritivas específicas, por exemplo, a durabilidade dos sistemas, a manutenibilidade da edificação e o conforto tátil e antropodinâmico dos usuários.
Todas as disposições contidas aplicam–se aos sistemas que compõem edificações habitacionais, projetados, construídos, operados e submetidos a intervenções de manutenção que atendam às instruções específicas do respectivo manual de uso, operação e manutenção. Salvo convenção escrita, é da incumbência do incorporador, de seus prepostos e/ou dos projetistas envolvidos, dentro de suas respectivas competências, e não da empresa construtora, a identificação dos riscos previsíveis na época do projeto, devendo o incorporador, neste caso, providenciar os estudos técnicos requeridos e prover aos diferentes projetistas as informações necessárias.
Como riscos previsíveis, exemplifica-se: a presença de aterro sanitário na área de implantação do empreendimento, contaminação do lençol freático, presença de agentes agressivos no solo e outros riscos ambientais. Ao construtor ou incorporador cabe elaborar o manual de uso, o de manutenção, ou documento similar, conforme 3.26, atendendo à NBR 14037.
O manual deve ser entregue ao proprietário da unidade quando da disponibilização da edificação para uso. Deve também ser elaborado o manual das áreas comuns, que deve ser entregue ao condomínio. A durabilidade do edifício e de seus sistemas é um requisito econômico do usuário, pois está diretamente associado ao custo global do bem imóvel.
A durabilidade de um produto se extingue quando ele deixa de atender às funções que lhe forem atribuídas, quer seja pela degradação que o conduz a um estado insatisfatório de desempenho, quer seja por obsolescência funcional. O período de tempo compreendido entre o início de operação ou uso de um produto e o momento em que o seu desempenho deixa de atender aos requisitos do usuário preestabelecidos é denominado vida útil.
No Anexo C, é feita uma análise mais abrangente dos conceitos relacionados com a durabilidade e a vida útil, face à importância que representam para o desempenho do edifício e seus sistemas. Os projetistas, construtores e incorporadores são responsáveis pelos valores teóricos de vida útil de projeto que podem ser confirmados por meio de atendimento às Normas Brasileiras ou Internacionais (por exemplo, ISO e IEC) ou regionais (por exemplo, Mercosul) e, não havendo estas, podem ser consideradas normas estrangeiras na data do projeto.
Não obstante, não podem prever, estimar ou se responsabilizar pelo valor atingido de vida útil (VU), uma vez que este depende de fatores fora de seu controle, como o correto uso e operação do edifício e de suas partes, a constância e efetividade das operações de limpeza e manutenção, alterações climáticas e níveis de poluição no local, mudanças no entorno ao longo do tempo (trânsito de veículos, rebaixamento do nível do lençol freático, obras de infraestrutura, expansão urbana, etc.). O projeto deve especificar o valor teórico para a vida útil de projeto (VUP) para cada um dos sistemas que o compõem, não inferiores aos estabelecidos na tabela, e deve ser elaborado para que os sistemas tenham uma durabilidade potencial compatível com a vida útil de projeto (VUP) a serem considerados nos projetos elaborados a partir da exigibilidade da parte 1 da NBR 15575.
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O projeto do edifício deve atender aos parâmetros mínimos de VUP indicados na tabela. Caso sejam adotados valores superiores aos da tabela, estes devem ser explicitados no projeto. Os sistemas do edifício devem ser adequadamente detalhados e especificados em projeto, de modo a possibilitar a avaliação da sua vida útil de projeto. É desejável conhecer as especificações dos elementos e componentes empregados, de modo que possa ser avaliada a sua adequabilidade de uso em função da vida útil de projeto (VUP) estabelecida para o sistema.
Como requisitos gerais para a edificação habitacional, ela deve atender, durante a vida útil de projeto, sob as diversas condições de exposição (ação do peso próprio, sobrecargas de utilização, atuações do vento e outros), aos seguintes requisitos gerais: não ruir ou perder a estabilidade de qualquer de suas partes; prover segurança aos usuários sob ação de impactos, choques, vibrações e outras solicitações decorrentes da utilização normal da edificação, previsíveis na época do projeto; não provocar sensação de insegurança aos usuários pelas deformações de quaisquer elementos da edificação, permitindo-se tal requisito atendido caso as deformações se mantenham dentro dos limites estabelecidos nesta norma; não repercutir em estados inaceitáveis de fissura de vedação e acabamentos; não prejudicar a manobra normal de partes móveis, como portas e janelas, nem prejudicar o funcionamento normal das instalações em face das deformações dos elementos estruturais; atender às disposições das NBR 5629, NBR 11682 e NBR 6122 relativas às interações com o solo e com o entorno da edificação.
De acordo com a NBR 8681, os estados-limites de uma estrutura estabelecem as condições a partir das quais a estrutura apresenta desempenho inadequado às finalidades da construção. Assim, o manual do proprietário deve conter as informações relativas às sobrecargas limitantes no uso das edificações. A resistência estrutural e a estabilidade da camada estrutural do sistema de piso são analisadas em função das combinações de ações possíveis de ocorrerem durante a vida útil de projeto da edificação e se referem ao estado-limite último (ruína) do sistema de piso, bem como à limitação dos deslocamentos verticais e ocorrência de falhas nos elementos que compõem o sistema de pisos, referentes ao estado-limite de utilização.
A resistência aos impactos de corpo duro, os quais podem ser produzidos durante a vida útil de projeto da edificação, traduz-se na energia de impacto a ser aplicada em sistemas de pisos. Os impactos com maiores energias referem-se ao estado-limite último, sendo os de utilização aqueles com menores energias. Estes impactos correspondem a choques acidentais gerados pela própria utilização da edificação.
Os painéis estruturais pré-fabricados devem ser ensaiados nas mesmas condições do emprego em obra, com a altura prevista para o pé-direito e largura mínima de 1,20 m, ou de cinco vezes a espessura para paredes monolíticas. A resistência de painéis e trechos de paredes estruturais deve ser verificada a partir de três ensaios, para a solicitação Sd = γg Sgk + γq Sqk + γw Swk; as cargas devidas ao vento devem ser consideradas somente se produzirem esforços de compressão em painéis e trechos de parede (no caso de sucção devem ser desconsideradas).
No ensaio, a carga vertical no topo da parede deve ser prevista com a excentricidade acidental e(a) = b/30 ≥ 1 cm, sendo “b” a espessura da parede, além da eventual excentricidade de projeto. Este modelo de ensaio aplica-se a sistemas destinados a edificações habitacionais de até cinco pavimentos.
Para SVVE (partes da edificação habitacional que limitam verticalmente a edificação e seus ambientes, como as fachadas e as paredes ou divisórias internas), inclusive para aqueles não estruturais, deve ser realizada verificação analítica ou ensaio de cargas laterais uniformemente distribuídas, visando simular as ações horizontais devidas ao vento, devendo-se considerar, para efeito da avaliação, a solicitação γw Swk; no caso de ensaio, o corpo de prova deve ser constituído por um trecho representativo do SVVE, incluindo as fixações e vinculações típicas entre componentes. Quando a modelagem matemática do comportamento conjunto dos materiais que constituem a parede não for conhecida e consolidada por experimentação, é permitido estabelecer uma resistência mínima de projeto através de ensaio destrutivo e traçado do diagrama carga × deslocamento, conforme previsto na NBR 15575-2:2013, 7.2.
Já os sistemas de coberturas (SC) exercem funções importantes nas edificações habitacionais, desde a contribuição para preservação da saúde dos usuários até a própria proteção do corpo da construção, interferindo diretamente na durabilidade dos demais elementos que a compõem. Os sistemas de coberturas (SC) impedem a infiltração de umidade oriunda das intempéries para os ambientes habitáveis e evitam a proliferação de micro-organismos patogênicos e de diversificados processos de degradação dos materiais de construção, incluindo apodrecimento, corrosão, fissuras de origem higrotérmica e outros.
Por esses motivos, os SC devem ser planejados e executados de forma a proteger os demais sistemas. Sendo o (SC) a parte da edificação habitacional mais exposta à radiação direta do sol, ele exerce influência predominante na carga térmica transmitida aos ambientes (casas térreas e último pavimento de sobrados ou prédios), influenciando diretamente no conforto térmico dos usuários e no consumo de energia para acionamento de equipamentos de ventilação forçada e/ou condicionamento artificial do ar.
Os SC, ao integrarem-se perfeitamente ao corpo das edificações habitacionais, interagem com os sistemas de instalações hidrossanitárias, sistemas de proteção de descargas atmosféricas, sistemas de isolação térmica e outros, necessariamente previstos em projeto. As ações atuantes, particularmente vento, intensidade de chuvas e insolação, são as que exercem a maior influência e são determinantes nos projetos de SC.
Os aspectos relacionados à segurança de pessoas, devido aos serviços de execução ou manutenção dos SC serem exercidos em locais acima do solo e de acesso cuidadoso, constituem considerações adicionais previsíveis nos projetos. Esta parte 6 da NBR 15575 também prevê atendimento às premissas de projeto, formuladas de modo qualitativo. Quando da avaliação de seu atendimento, o nível M deve ser entendido como condição obrigatória, quando da análise do projeto. Considerando as diferentes possibilidades de agregação de qualidade aos SC, o que implica inclusive diferentes relações custo/benefício, para além dos desempenhos mínimos estabelecidos, foram fixados vários níveis classificatórios, ou seja, os níveis intermediários (I) e superiores (S), conforme Anexo I.
A verificação do atendimento aos diversos requisitos, aos critérios de amostragem, à eventual realização de inspeções de campo e à preparação do documento técnico resultante da avaliação de desempenho de um sistema construtivo deve ser realizada de acordo com as diretrizes apresentadas na NBR 15575-1. Quanto às instalações hidrossanitárias, são responsáveis diretas pelas condições de saúde e higiene requeridas para a habitação, além de apoiarem todas as funções humanas nela desenvolvidas (cocção de alimentos, higiene pessoal, condução de esgotos e águas servidas, etc.).
As instalações devem ser incorporadas à construção, de forma a garantir a segurança dos usuários, sem riscos de queimaduras (instalações de água quente) ou outros acidentes. Devem ainda harmonizar-se com a deformabilidade das estruturas, interações com o solo e características físico-químicas dos demais materiais de construção.
Os fixadores ou suportes das tubulações, aparentes ou não, assim como as próprias tubulações, devem resistir, sem entrar em colapso, a cinco vezes o peso próprio das tubulações cheias d’água para tubulações fixas no teto ou em outros elementos estruturais, bem como não podem apresentar deformações que excedam 0,5 % do vão. Quando as tubulações forem submetidas a esforços dinâmicos significativos, por exemplo, tubulações de recalque ou água quente, estes esforços devem ser levados em consideração.
FONTE: Equipe Target