Conjunto Leningrado, uma das áreas mais carentes da cidade do Natal tem escola e, em breve, saneamento básico. Ou seja, educação e saúde. Sim, saneamento é saúde.
Leningrado, antiga cidade russa que resistiu à invasão alemã durante à Segunda Guerra Mundial. O conjunto habitacional que leva o mesmo nome resiste às dificuldades da periferia. Em 2004, mais de mil famílias passaram a habitar um terreno acidentado localizado no bairro Guarapes. No ano passado, o conjunto também ficou famoso por um incêndio que atingiu um assentamento localizado lá.
Hoje a realidade já mostra que os órgãos públicos passaram a investir em melhorias. Lá foi construído o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Professor Arnaldo Arsênio de Azevedo, em 2010.
Em 2016, o CMEI enfrentou problema com frequência escolar. “Temos turmas com 16 crianças mas teve dia de só vir seis. As outras estavam com diarreia ou dengue”, relatou a diretora Administrativa do CMEI, Liane Meyre da Silva. “A água é de suma importância, mas o esgoto expõe as crianças a várias doenças. Há poucos meses, conseguimos uma médica que faz atendimento aqui toda segunda-feira”, contou a diretora pedagógica do CMEI, Wilza Flávia de Lima Cruz.
A falta de saneamento afeta a educação. Quando um bairro não tem coleta e tratamento de esgotos, as crianças ficam expostas a várias doenças como as infecções gastrointestinais, que causam diarreia e vômito. Outras doenças, como dengue, chikungunya e zica, as quais os vetores transmissores se reproduzem em água parada (limpa ou suja), também deixam as crianças afastadas das atividades curriculares. Isso impacta no aprendizado e rendimento escolar. Até mesmo, se uma rua perto da escola tiver esgoto a céu aberto, em virtude do lançamento indevido, o próprio mau cheiro atrapalha a concentração e interesse pelo conteúdo.
O acesso ao saneamento básico proporciona às crianças um melhor aproveitamento escolar, observando que eles estarão mais saudáveis. Por outro lado, aquelas que não usufruem desse benefício podem sofrer consequências intelectuais.
Se onde a criança mora não tem rede coletora de esgotos são várias as possibilidades de contaminação. Logo, apresentam imunidade baixa e saúde debilitada por terem contraído Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI).
A universalização do saneamento reduzirá o atraso escolar. Em 2015, a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) iniciou a obra que vai tornar a capital potiguar a primeira do país 100% saneada. Em 2016, foi implantada a tubulação no Conjunto Leningrado e a população deve aguardar a autorização para a ligação dos imóveis à rede de esgotos. É o saneamento levando saúde e esperança para quem tanto precisa.
Os benefícios da universalização ultrapassam os ganhos em saúde, pois refletem no avanço educacional e, futuramente, no desempenho profissional. Quanto melhor os indicadores de desenvolvimento humano mais oportunidades para as gerações presentes e futuras. “Sem políticas públicas essas crianças nunca vão ter a dignidade de ser os cidadãos que elas merecem”, finaliza Wilza.